
que falou sobre a importância da massagem corporal adequada para o diabético.
Foto: Alex Trombetta/JdeB
Há 18 anos, a notícia de que o filho Leonardo tinha diabetes tipo 1 deixou Sônia Thomazoni Kupkowski desesperada. “A gente não sabia o que fazer, toda aquela coisa de aplicar insulina, fazer exame todo dia, todo mundo chorava, foi um período difícil”, relata a professora que, hoje, orgulha-se de ter orientado e ajudado tantas famílias a compreenderem a doença e perceber que é possível aprender a conviver com ela.
Sônia conta que naquela época o assunto era pouco debatido e não se tinha tanta informação a respeito da doença. Após diagnosticada a diabetes, o pediatra de Leonardo indicou outra paciente que já convivia com a doença para que as famílias trocassem informações sobre os cuidados. “Nós procuramos a família da Mariana e isso nos ajudou muito. E a partir daí começamos a encontrar outras famílias que procuravam auxílio, preocupadas em como cuidar adequadamente de seus filhos. Até que montamos um grupo, em 2006, com três casais, que se reunia lá em casa para trocar informações”, relata a professora.
O objetivo das reuniões era levar informações, novidades e experiências para compartilhar. Logo, mais famílias e pessoas que possuíam diabetes começaram a se interessar pelos encontros e a casa de Sônia já estava pequena para abrigar tanta gente. “Chegamos a reunir 50, 60 pessoas em reuniões. Isso foi possível porque conversamos com a direção da Escola Municipal Bom Pastor, para que cedessem uma sala para nossas reuniões, e eles aceitaram”, conta Sônia.
Dúvidas para especialistas
Com o passar dos anos, o grupo percebeu que as dúvidas dos participantes já dependiam da ajuda de especialistas para serem esclarecidas. Foi aí que surgiu a ideia de convidar médicos e profissionais de saúde para abordar assuntos relacionados com o cotidiano dos diabéticos. Vários aceitaram prontamente o convite e as reuniões do Núcleo de Diabéticos estavam consolidadas e recheadas de informação.
Quando o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a disponibilizar os medicamentos através da farmácia municipal, o município exigiu que as pessoas que solicitassem os remédios frequentassem um grupo de apoio e tivessem uma declaração de que participavam. Isso levou ainda mais interessados a fazer parte do Núcleo. “Mas, em um determinado momento, pararam de exigir isso na farmácia e acabou diminuindo um pouco a procura pelo núcleo. De repente, tinha dias com apenas 4 ou 5 pessoas. Palestrantes, médicos vinham e tinha pouca gente pra ouví-los. Então pensamos em encerrar o grupo”, revela Sônia.
Foi o pedido de uma integrante do grupo, que participava há vários anos, que fez com que os coordenadores do grupo voltassem atrás. Outro fato somou para que o Núcleo não se desfizesse, conforme conta Sônia. “Uma das participantes disse que gostava tanto de vir e propôs da gente se reunir apenas para trocar ideias, conversar, e foi assim durante uns dois meses. Mas daí apareceu a Mariana, a menina que me ajudou no começo, e eu pedi pra ela e para a Gislene, que também acompanha o grupo desde o começo, para que nos ajudassem, que divulgassem. E elas aceitaram o desafio.”
Doença motivou escolha pela profissão
A nutricionista e pedagoga Gislene Titon Santos tem diabetes tipo 1 e participa do Núcleo de Diabéticos desde o início. Ela revela que o desafio com os cuidados relacionados principalmente à alimentação foi um dos fatores que motivou a escolha de sua profissão. “A gente que tem a doença sabe o que sofre, não é nada fácil, aparentemente tudo normal, mas é uma montanha russa que a gente passa, é muito difícil. Tua vida é insulina e comida. E na hora de escolher a faculdade, queria fazer algo que ajudasse as pessoas, algo na área da saúde. Comecei a amar a nutrição, comecei a estudar mais. E logo eu queria algo a mais, sabia a técnica, mas queria saber como lidar com o sentimento, como educar a pessoa, e foi a hora que procurei a pedagogia também”, conta Gislene. A nutricionista relata que ficou triste em saber que o Núcleo estava acabando, mas o convite de Sônia, para que ajudasse a reerguê-lo, foi aceito.
É preciso conscientização
O número de brasileiros diagnosticados com diabetes cresceu 61,8% nos últimos 10 anos, passando de 5,5% da população em 2006 para 8,9% em 2016. Para Gislene, a sociedade ainda não se conscientizou do que é a diabetes em si. “Vai dar problema cardíaco, rim, visão, se não controlar o diabetes. Não é fácil controlar, tem pessoas com mais facilidade, mas para alguns é uma briga constante. Não tem sintomas, e quando tem já está bem avançado. E o custo aos cofres públicos é absurdo”, comenta a profissional.
O Núcleo de Diabéticos se reúnem bimestralmente na Escola Bom Pastor. As reuniões acontecem sempre na primeira terça-feira dos meses pares, às 19h30. Mais informações com Sônia, pelo telefone (46) 99975-9418.