
1ª Mostra de Mortalidade Materno Infantil e Fetal da 8ª Regional de Saúde.
O índice de mortalidade materno infantil caiu drasticamente na microrregião de Francisco Beltrão. Até setembro foram registrados 34 óbitos (21 neonatais e 13 pós-neonatais), nem metade das 69 mortes ocorridas em 2013. Os números de 2014 ainda não foram fechados, mas a mortalidade abaixo da média estadual (são 11,16 óbitos infantis para cada 1.000 nascidos vivos no Paraná, enquanto a região teve 10,3 óbitos), fruto da melhoria na atenção primária da saúde, só não será mais comemorada porque 81% dessas mortes poderiam ser evitadas.

da Atenção à Saúde da Sesa.
Foi esse diagnóstico, de avanços e desafios, apresentado pela superintendente da Atenção à Saúde da Secretaria do Estado da Saúde (Sesa), Márcia Huçulak, na 1ª Mostra de Mortalidade Materno Infantil e Fetal da 8ª Regional de Saúde, ontem, na Unioeste. “No final do ano passado, estivemos aqui muito preocupados porque Beltrão tem indicadores socioeconômicos bons em comparação às demais regiões de saúde do Estado, contudo, a mortalidade era das maiores e isso nos preocupava, pois a região tinha condições de fazer melhor”, disse a superintendente.
O debate com as equipes municipais de saúde, incluindo a equipe do Hospital Regional, procurou mostrar as ações desenvolvidas em conjunto pelo Governo do Estado e municípios que contribuíram para uma queda de 30% na mortalidade. “Saímos de 15,45 [em 2013] para próximo de 10. Não fechamos o ano ainda, mas a análise dos óbitos até setembro já mostrou essa redução bastante significativa em um tempo curto, de apenas 10 meses”, comemorou Márcia, que também coordena o programa Rede Mãe Paranaense.
Avanços e gargalos
Os principais avanços apontados pela superintendente vêm da atenção primária e dizem respeito à captação precoce das gestantes, garantia das sete consultas pré-natais, estratificação de risco da gestante, o ambulatório de gestação de alto risco, tanto no consórcio de saúde (CRE) quanto no HRS, e a vinculação do parto.
“O que nos chamou a atenção é que, de todos os óbitos infantis que ocorreram, quase a metade deles foram casos em que não houve vinculação da gestante ao hospital mais adequado. Nesse ponto, temos uma falha na atenção primária porque é ela que estratifica o risco. Mas, mais que isso, há uma questão ligada ao profissional médico em especial que, muitas vezes, segura a gestante pra fazer o parto num serviço que não está adequado à condição de alto risco”, ponderou, lembrando que, na região, a unidade de referência para este tipo de atendimento de alta complexidade é o Hospital Regional.
Os principais gargalos, na visão da gestora, estão na qualificação das equipes, estrutura e ampliação da atenção primária (unidades básicas de saúde). “As evidências nos mostram isso: na média, o Paraná foi o estado brasileiro que mais reduziu – e o Ministério da Saúde reconhece isso -, morte materna (40% em três anos). Temos uma redução significativa também da morte infantil (do nascimento até 11 meses e 29 dias) de quase 13 para 10 óbitos (por mil nascidos vivos)”, pontua.
O indicativo, no entanto, poderia ser muito mais favorável aos bebês paranaenses. Dos 31 óbitos infantis deste ano, 81% deles seriam evitáveis se a atenção primária fosse melhor estruturada. “É isso que temos trabalhado na secretaria: mortalidade infantil é inevitável, mas que não sejam mortes que poderiam ser evitadas”, finalizou.