O Brasil já trata, desde 2013, todas as pessoas diagnosticadas. “Somos exemplo na questão da Aids”, diz coordenadora do serviço especializado em Beltrão.

Novo protocolo da Organização Mundial da Saúde (OMS) vai recomendar o tratamento com antirretrovirais para todas as pessoas com HIV no mundo, assim que forem diagnosticadas, independentemente da carga viral. A medida já é praticada desde dezembro de 2013 pelo Brasil, quando foi lançado o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para adultos. O protocolo adotou o “Testar e Tratar” como política de tratamento. O anúncio foi feito pela OMS dia 19 de julho, em Vancouver, Canadá, durante Congresso Internacional de Aids (IAS).
No anúncio, a organização menciona o exemplo do Brasil, enfatizando que a adoção do novo protocolo melhorou a saúde das pessoas vivendo com HIV. O acesso precoce ao tratamento não só melhora a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV e Aids, mas também reduz a transmissão do vírus.
Para o diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita, que participou do evento, a evidência mostra “que essa é, realmente, a direção que deve ser tomada por todo o mundo”.
O secretário-executivo da Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS), Luiz Loures, destacou a importância da iniciativa da OMS, lembrando que a organização lidera globalmente a resposta à Aids no setor de saúde com decisões baseadas em evidência científica.
O novo protocolo da OMS prevê, ainda, que a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) seja recomendada como uma opção de terapia adicional para todas as pessoas que integrem populações com risco substancial de serem infectadas pelo HIV (prevalência superior a 3%).
Exemplo para o mundo
Desde a implementação das novas diretrizes em 2013, todo brasileiro diagnosticado com HIV/Aids inicia prontamente o tratamento, independentemente da carga viral. Antes disso, explica Lia Beatriz Henke, enfermeira e coordenadora do Serviço de Assistência Especializada/Centro de Testagem e Aconselhamento (SAE/CTA), o SUS só fornecia medicamentos para aqueles cuja contagem de células CD4 por mililitro de sangue estivesse abaixo de 350. A partir de 2012, esse limite subiu para 500 CD4.
“Somos exemplo para o mundo na questão da Aids. Além do coquetel antirretroviral, o Ministério da Saúde fornece gratuitamente uma lista enorme de medicamentos para combater doenças oportunistas que podem comprometer a saúde do soropositivo, tais como a tuberculose, meningite, entre outras”, comentou.
Outro fator que coloca o Brasil como modelo no tratamento do HIV/Aids é a gratuidade. Enquanto em países europeus e nos EUA o tratamento é privado e custa em média R$ 2 mil, por aqui todo tratamento e acompanhamento com exames é inteiramente oferecido pelo SUS.
Testagem
Na mesma sessão em que antecipou alguns pontos do protocolo de HIV, a OMS lançou seu novo guia sobre testagem de HIV. O novo guia estimula a capacitação de membros da comunidade para que possam aplicar o teste de Aids e a testagem em organizações comunitárias que tenham acesso mais amplo às populações vulneráveis ao HIV. O Brasil adota as duas medidas no projeto Viva Melhor Sabendo.
Durante a sua participação no evento, Fábio Mesquita, apresentou, como experiência, o trabalho colaborativo entre o Ministério da Saúde, a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, o USCDC, o Unaids, o Grupo Dignidade e outros parceiros no projeto piloto “A Hora é Agora”. O projeto promove o autoteste, focado na população jovem de homens que fazem sexo com homens, na cidade de Curitiba/PR.