Nos últimos anos, novos profissionais vieram para a região ou se formaram aqui e já somam quase mil, distribuídos em 36 cidades.
A médica Isadora Cavegnago Fillus é de Cascavel e se formou na primeira turma de Medicina da Unioeste em Francisco Beltrão. O desejo inicial era cursar a faculdade na sua cidade natal, para ficar próxima da família, mas resolveu encarar um lugar que não conhecia para realizar o sonho. E não se arrepende da decisão: “A opção por enfrentar uma nova cidade, um curso em construção, foi a melhor que poderia ter tomado”.
Hoje ela trabalha no Hospital São Francisco, no Regional e na Clínica Acerto. “Ao longo desses oito anos acabei estabelecendo raízes nessa cidade. Fazendo ligações de trabalho, amizade e desenvolvimento pessoal, que não me deixaram dúvidas quanto à permanência em Francisco Beltrão após o término do curso. Ainda com planos de especialização a ser realizada em outra cidade, mas sempre pensando com carinho na possibilidade de retornar para onde hoje considero minha cidade.”
Isadora é um entre tantos exemplos de profissionais médicos que vieram e ficaram. E não foi só em Francisco Beltrão. Outras cidades do Sudoeste, como Pato Branco, Palmas e Dois Vizinhos, também viram o número de profissionais residentes aumentar. Recentemente, as duas principais cidades da região passaram a formar novos médicos, o que tem contribuído para a permanência dos profissionais, junto com a oferta de novos serviços de saúde públicos e privados que demandam mão de obra especializada.
Levantamento feito pelo JdeB com base nos dados do CRM e CFM mostra que o Sudoeste já soma 964 médicos. Dá 1,5 profissional para cada mil habitantes, menos que a média nacional (de 2,36/1000) e estadual (2,40/1000), mas que vem aumentando nos últimos anos. Somente seis dos 42 municípios da região não possuem profissionais residentes – o que não significa que são desassistidos, pois buscam profissionais de outras cidades.
Para o dr. Badwan Jaber, diretor da delegacia do Conselho Regional de Medicina (CRM) em Francisco Beltrão, o número maior de profissionais, por si só, não representa melhor assistência médica à população. Ele comenta que é preciso avaliar a qualidade das novas escolas de Medicina – “muitas das quais abertas sob forte pressão política e sem condições técnicas mínimas” – e que o crescente número de novos médicos demanda maior acompanhamento, desde a formação. “Talvez no futuro tenhamos que avaliá-los com um exame de conhecimentos, a exemplo dos advogados”, sugere.
Em Beltrão desde 2010
O médico Mário Martins Neto andou bastante até parar em Beltrão, onde está há quase 11 anos. Ele é natural de Figueira (PR), fez faculdade em Teresópolis (RJ) e a especialização em Curitiba. Quando soube que o Hospital Regional estava precisando de profissionais na área de ortopedia, veio conhecer a cidade e só voltou à capital para buscar a mudança. “O que faz com que eu permaneça aqui é a constante evolução da medicina na região, tanto no Hospital Regional, no setor privado que vem se estruturando melhor, no SUS que funciona muito bem. Tudo isso, junto com gestores preocupados, nos dá boas condições de trabalho aqui”, comenta. Atualmente dr. Mário é diretor clínico do HRS, coordenador do setor de Ortopedia e também atende casos de traumatologia.