
Por Dr. Badwan Jaber – A incidência do câncer colorretal vem aumentando de maneira significativa em quase todo o mundo, com 2 milhões de casos novos diagnosticados a cada ano. No Brasil, esse tumor só é suplantado em número de casos novos anuais pelo câncer de mama em mulheres e pelo de próstata em homens. Os riscos aumentam para homens e mulheres com mais de 45 anos ou em pessoas que tenham histórico familiar oncológico. São grupos de risco especiais os casos de familiares com câncer colorretal ou histórico de pólipos, e os portadores de doença inflamatória intestinal, sendo que nestes grupos populacionais o rastreamento é diferenciado.
Ainda mais preocupante é o fato de que 85% dos casos são diagnosticados já em fase avançada, quando a chance de cura é limitada. A boa notícia é que este é um câncer que pode não apenas ser prevenido, mas que também apresenta altos índices de cura quando o diagnóstico for precoce. Hábitos saudáveis, como atividade física, dieta rica em fibras vegetais e pobre em gordura animal, além de evitar o álcool e o tabagismo são medidas consideradas protetivas.
O câncer colorretal evolui a partir de pequenas lesões benignas, os chamados pólipos, que crescem lentamente e resultam em um tipo de neoplasia com elevada mortalidade, se descoberto na fase tardia. Contudo, se a lesão for diagnosticada e tratada na fase inicial, há grande probabilidade de cura.
Os sintomas vão depender do tamanho e localização das lesões, podendo ocorrer sangue nas fezes, fraqueza, anemia, alterações no hábito intestinal, perda de peso sem causa aparente e dor abdominal. A doença pode evoluir sem sintomas na fase inicial, por isso, a prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais.
Por apresentar poucos sinais em estágios iniciais, o câncer colorretal deve ser rastreado periodicamente em homens e mulheres, a partir dos 45 anos de idade.
Vale a pena reforçar a importância da prevenção desse câncer, cujo impacto passa pela identificação dos grupos de risco, da conscientização da população quanto a seus riscos individuais e do acesso à colonoscopia dita de rastreamento – que é o exame por excelência em programas de prevenção de câncer colorretal. A colonoscopia permite também que sejam realizadas verdadeiras micro-cirurgias, ressecando a grande maioria das lesões pré-malignas e uma boa parte dos tumores precoces.
Nesse sentido, surge a campanha do “Março Azul-Marinho” ou simplesmente “Março Azul”, o mês de conscientização e prevenção ao câncer colorretal. Para incluir a data no calendário oficial das comemorações relacionadas à saúde no país, a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed) atua junto ao Congresso Nacional e ao Governo Federal para que estabeleçam o mês de março como um marco de conscientização sobre a importância da prevenção do câncer colorretal, vinculando a ele a cor azul.
*Dr Badwan Jaber é médico especialista em Cirurgia e Endoscopia Digestiva. Com Pós-Graduação em Endoscopia Digestivo Avançada e Coloproctologia no Hospital Sirio-Libanês, São Paulo.