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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Osteoporose precisa ser levada mais a sério

Doença acomete uma em cada três mulheres com mais de 65 anos de idade.

Silenciosa, ela provoca gradativamente o enfraquecimento dos ossos e, com o acúmulo dos anos, consequentemente, um risco maior de fraturas. Apesar da gravidade e o prejuízo à qualidade de vida gerado, a maioria das pessoas parece não se preocupar com a prevenção e, em muitas casos, sequer sabem o que é a osteoporose. A preocupação é porque, apesar dos bons resultados alcançados com os tratamentos, a doença não tem cura. 
Segundo a Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso), cerca de dez milhões de brasileiros sofrem de osteoporose, mas apenas 20% estão cientes que têm a doença. Mulheres acima de 65 anos e homens com mais de 70 anos são os mais afetados e devem fazer um rastreamento anual. Ainda segundo a associação, os pulsos, a coluna vertebral e o fêmur costumam ser as partes do corpo mais afetadas pela osteoporose. 

O médico reumatologista Tiago Malucelli, da TCK Clínicas, de Francisco Beltrão, destaca que os problemas mais frequentes com relação à osteoporose são dores e deformidades relacionadas às fraturas ósseas e complicações relacionadas ao internamento de pacientes idosos com fraturas de quadril que precisam de cirurgia para a colocação de prótese. Ele afirma que a maioria das pessoas já ouviu falar na doença, mas muitos não sabem seu significado, causas e consequências. “A doença inicia-se de forma gradual e silenciosa. Manifesta-se principalmente nas mulheres, que têm o risco aumentado depois da menopausa”, diz.

Dra. Mônica Panza, endocrinologista:
“Dieta balanceada e rica em produtos lácteos”.

A médica endocrinologista Mônica Panza, de Francisco Beltrão, destaca que a osteoporose é o distúrbio osteometabólico mais comum. Segundo ela, a doença pode ser primária – que é a forma mais frequente relacionada ao avanço da idade e menopausa – ou secundária – devido outras condições oriundas de enfermidades. “A osteoporose senil ocorre após os 70 anos em ambos os sexos e está associada a diminuição da formação óssea e também pela capacidade diminuída dos rins de ativarem a vitamina D, e isso gera diminuição da absorção de cálcio”, explica. 
Dra. Mônica destaca que o exame de densitometria óssea é o melhor para identificar a situação da massa óssea e avaliar o risco de fraturas. Os locais mais importantes a serem medidos, segundo ela, são a coluna lombar e o colo do fêmur. 
Primeiro diagnóstico no ginecologista 

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Dr. Marcelo Magalhães, ginecologista:
“Normalmente damos o primeiro diagnóstico”.

Com o hábito que a população feminina tem de fazer consultas ginecológicas todos os anos, é comum o primeiro diagnóstico de osteoporose ser dado ali. “Nas consultas, nós fazemos pesquisas para monitorar a saúde da mulher, que vão além de situações ligadas diretamente à ginecologia, como o caso da tireoide e da osteoporose”, justifica o médico ginecologista Marcelo Magalhães, de Francisco Beltrão.
De acordo com dr. Marcelo, quando a mulher chega no período da menopausa, a redução na produção de hormônios deixa ela mais suscetível ao aparecimento de problemas como a osteoporose. O médico informa que o hormônio feminino ajuda na deposição do cálcio nos ossos, e quando param de produzir, favorece a degradação do osso e consequentemente a doença. “Mas com o tratamento da terapia hormonal é possível diminuir este risco e cabe ao médico, em concordância com a paciente, avaliar a necessidade e o melhor momento de iniciar essa terapia de reposição, para minimizar o risco da doença”, afirma o ginecologista. 

Idosos são mais afetados

Dra. Joana Perota Titon, geriatra:
“Uma fratura gera dor e muitas complicações”.

Os pacientes idosos são aqueles com mais tendência a desenvolver osteoporose, principalmente as mulheres brancas ou orientais, com baixo peso, que fumam ou consomem muito álcool, e também quem faz uso crônico de corticoide (comprimido, nasal, injetável) ou têm história familiar de osteoporose. A informação é da médica geriatra Joana Perota Titon, também de Beltrão, que esclarece que, com os ossos mais fracos, existe maior tendência de fraturar mesmo com traumas de menor intensidade. “As fraturas podem gerar dor e diminuir a funcionalidade das pessoas. Geralmente são decorrentes de quedas. Por isso é importante fazer o diagnóstico precoce e iniciar o tratamento quando indicado”, destaca dra. Joana. 
A médica acredita ainda que exista uma confusão frequente entre a osteoporose e a osteatrose. A primeira tem relação com a densidade dos ossos, enquanto a segunda é uma doença na qual há desgaste das articulações. Dra. Joana reforça a necessidade do diagnóstico precoce, da divulgação de informações sobre a doença e do acompanhamento médico. “Como é uma doença que só aparece com a fratura de um osso, muitas vezes o diagnóstico é tardio. Se não houver um acompanhamento médico adequado para que se possa fazer as devidas orientações e prevenções, a doença pode realmente ser negligenciada pelas pessoas. A fratura gera dor, perdas funcionais, internamentos, complicações e imobilidade. Esses casos poderiam ser evitados com a devida informação e tratamento”, diz. 

Não existe cura definitiva

Dr. Mário Martins Neto, ortopedista:
“População não dá a devida importância”.

O médico ortopedista Mário Martins Neto, do Centro Ortopédico Beltronense (COB), relata que a osteoporose é uma doença que quase sempre assintomática, assim, muitas vezes só é descoberta quando ocorre uma fratura causada por um trauma leve, como uma queda em casa. “Não existe cura definitiva para a osteoporose, porém existem tratamentos que conseguem estabilizar o enfraquecimento ósseo e até ganhar massa óssea. O tratamento é realizado com medicamentos específicos, reposição de cálcio e vitamina D, banho de sol, alimentação saudável, realização de exercícios físicos e abolir o consumo de álcool e tabaco”, destaca.
Segundo dr. Mário, existe a necessidade de se realizar um grande trabalho de conscientização para a realização de prevenção da osteoporose. “A população em geral não dá a devida importância ao problema por se tratar de uma doença silenciosa que não apresenta sintomas”, alerta. 

Prevenção é a saída

 

Dr. Tiago Malucelli, reumatologista:
“Exposição solar diária é necessária”. 

O reumatologista Tiago Malucelli acrescenta que a exposição solar (15 minutos por dia) é necessária para manter um bom nível de vitamina D no sangue, que regula a absorção de cálcio intestinal. “Este, por sua vez, deve ser ingerido através de leite e seus derivados principalmente. Mas, dependendo do nível de perda de massa óssea, visto através de um exame chamado Densitometria Óssea, pode ser necessário o tratamento com medicamentos que diminuem a reabsorção óssea ou que aumentem a formação óssea, como a teriparatida”, afirma.
Apesar da osteoporose ser considerada uma doença de idosos, a endocrinologista Mônica Panza ressalta que as medidas para garantir uma boa saúde óssea devem ser iniciadas na infância. “Dieta balanceada com quantidades adequadas de proteínas, cálcio, vitamina D e outros nutrientes fazem parte do tratamento. Uma dieta rica em produtos lácteos é a principal fonte de cálcio e caso deixem a desejar faz-se necessária a suplementação com os comprimidos de cálcio”, afirma a médica. 

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