Maioria dos pacientes apresenta hipertensão, seguido por diabetes melittus e doença renal crônica.

A egressa do curso de Enfermagem da Universidade Paranaense (Unipar) Cirlei Picolli desenvolveu uma pesquisa para o trabalho de conclusão de curso com o objetivo de descrever o perfil epidemiológico, alterações clínicas e perfil bioquímico dos pacientes portadores de doenças crônicas na região Sudoeste do Paraná.
A pesquisa se deu em virtude do contexto epidemiológico tanto no Brasil quanto no mundo, que demonstra aumento da taxa de doenças crônicas associado a diversos fatores, como expectativa de vida aumentada, desenvolvimento de novos métodos diagnósticos e terapêuticos, bem como a mudança nos hábitos de vida, o que pode influenciar no perfil de adoecimento da população, uma vez que nas últimas décadas tem se tornado a principal causa de óbitos.
Nesse contexto, a atenção primária em saúde tem como premissa executar a atenção e promoção à saúde no âmbito do SUS, com ações que devem monitorar e tratar os portadores de doenças crônicas. Assim, o estado do Paraná subsidia e os municípios, por meio dos consórcios intermunicipais de saúde, executam o Programa Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC).
Na pesquisa da acadêmica, foram avaliados 263 atendidos pelo programa e identificaram-se índices elevados de pacientes com doenças crônicas, em ambos os sexos, bem como a prevalência de fatores de risco intrínsecos e extrínsecos, dados alarmantes e de relevância epidemiológica, evidenciando agravantes da combinação de mais de uma patologia crônico degenerativa com consideráveis taxas de obesidade e de circunferência abdominal aumentada. Observou-se ainda que, apesar da prevalência das doenças crônicas no público feminino, a população masculina apresentava maiores fatores de risco, como alterações da glicemia, colesterol, LHD e HDL.
A amostra foi constituída por 263 pacientes, predominando o sexo feminino, a maior parte da população com companheiro (72,6%), residente na área urbana (60,1%), com até 4 anos de estudo (55,1%) e renda familiar de um salário mínimo (60,1%). A maioria dos pacientes apresenta hipertensão (90,1%), seguido por diabetes melittus (55,9%) e doença renal crônica (23,2%). A idade média constatada foi de 63,1 anos, e a mensuração antropométrica obteve peso médio de 81,47 kg, estatura de 1,62 metros, e 30,82 de índice de massa corporal, acompanhado de circunferência abdominal média de 103,14 centímetros. A maioria dos pacientes avaliados informou não realizar atividades físicas. Na pesquisa também ficou evidente a associação significativa entre o sexo masculino e tolerância diminuída à glicose, bem como o colesterol elevado, e valores de LDL aumentados, quando comparado ao sexo feminino.
O estudo sugere que as ações estratégicas de matriciamento da atenção secundária em saúde são primordiais, considerando o novo perfil de adoecimento populacional pós-moderno, da mesma forma que um monitoramento epidemiológico sistemático e promoção das mudanças culturais de saúde e doença se fazem necessárias, para, assim, minimizar os índices de DC e seus agravos.
Os trabalhos de conclusão do curso de enfermagem têm contribuído significativamente para o entendimento de diversos aspectos relacionados aos serviços de saúde em toda região. Esta pesquisa foi orientada pelas professoras Franciele do Nascimento Santos Zonta e Jacqueline Vergutz Menetrier, com colaboração das professoras Lediana Dalla Costa e Durcelina Schiavoni Bortoloti. O artigo completo foi publicado em um importante periódico da área: Revista Ciência, Cuidado e Saúde.