Saúde

Mesmo com todas as atenções voltadas para a pandemia do novo coronavírus, as autoridades sanitárias continuam vigilantes para outras enfermidades. A Universidade Paranaense (Unipar), de Francisco Beltrão, através do curso de Farmácia, promoveu ciclo de palestras em que foi discutido o possível tratamento da microcefalia causada pelo zika vírus.
A palestra foi ministrada pelo doutor Jean Pierre Shatzmann Peron, da Universidade de São Paulo (USP), sobre suas últimas pesquisas na área do zika vírus. O pesquisador demonstrou que, após invadir as células humanas, o vírus age sobre uma proteína que possui papel importante na resposta imune contra a infecção viral. Demonstraram que o vírus estimula essa proteína, a qual limita a defesa imunológica, assim permitindo a replicação do vírus. Desta forma essa proteína tornou-se um alvo para possíveis medicamentos, os quais, segundo o pesquisador, já estão em fase de teste.
Transmissão
A transmissão do zika vírus ocorre frequentemente pela picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue, mas também pode ocorrer intraútero, resultando numa infecção congênita. Alguns casos de transmissão sexual também já foram relatados na literatura.
Somente 20% dos casos costuma apresentar sintomas da infecção, os quais são febre baixa com erupção cutânea, dores nas articulações (principalmente das mãos e pés) e conjuntivite não purulenta. Outros sintomas incluem dor de cabeça, dores ao redor dos olhos, dores musculares, perda ou diminuição da força física, inchaços e distúrbios gastrointestinais (dor abdominal, náusea e diarreia). Dependendo da combinação de sintomas estes podem ser confundidos com dengue ou chikungunya.
Complicações
As maiores complicações relacionadas ao zika vírus relacionam-se à infecção congênita, quando a gestante é contaminada pelo vírus durante a gestação e transmite para o bebê ainda em formação. Dependendo do trimestre gestacional em que ela se encontra a infecção pode causar microcefalia, restrição no crescimento fetal, insuficiência placentária e morte intraútero.
De acordo com o Ministério da Saúde, os primeiros casos de microcefalia associados ao zika vírus, no Brasil, aconteceram no ano de 2015, e até o final de 2019 foram relatados ao menos 3.474 casos no País. O número de casos reduziu bastante, porém, especialistas alertam que o Brasil não está livre de uma nova epidemia de zika vírus.
Pesquisa
Em 2016, durante a epidemia de zika vírus, no Brasil, a equipe liderada pelo professor doutor Jean Pierre, no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e da Plataforma Pasteur-USP, conseguiu comprovar que o zika vírus era o causador da microcefalia e defeitos congênitos em fetos de fêmeas de camundongos contaminadas com o vírus.
“Termos a participação de um pesquisador de renome internacional como o dr. Jean Pierre, em nosso Ciclo de Palestras, é de uma importância sem precedentes para nossos alunos, ainda mais falando de um assunto tão importante quanto é o zika vírus e a microcefalia. No cenário que vivemos atualmente precisamos mostrar para eles que só poderemos mudar a situação de nossa população que tanto sofre com doenças como essa com muito estudo e pesquisa”, comenta Patrícia Gurgel Velasquez, coordenadora do curso de Farmácia da Universidade Paranaense (Unipar), unidade de Francisco Beltrão.