Dr. Cícero Lima, psiquiatra, destaca que há tratamento e a família deve ser um aliado.

“Se o paciente é depressivo, a família tem que estar sempre conversando pra identificar se ele tem desejo de tirar a própria vida e pelas próprias atitudes do paciente, se ele está mais afastado, está escrevendo cartas de despedida. Tem que ter cuidado de pegar os deslizes do paciente se ele está deixando transparecer alguma coisa em relação ao suicídio”, alerta dr. Cícero Lima, psiquiatra, sobre os sinais de que a pessoa pensa em suicídio. Setembro Amarelo é o mês de prevenção de suicídio. Confira a entrevista.
JdeB – Suicídio é evitável?
Dr. Cícero Lima: Suicídio é evitável sim. Uma grande parte dos pacientes suicidas, como mostram alguns estudos, eles avisam que estão pensando em suicídio ou que irão realizar. O que acontece é que a família não dá crédito, acha que ele não tem coragem. Como o suicídio muitas vezes é o desfecho de um quadro depressivo ou de uma doença psiquiátrica, isso tem que ser conversado com médico psiquiatra, que tenta tratar de uma maneira adequada quando o paciente expressa vontade de se matar.
Falar de suicídio pode servir como um incentivo?
Não, isso é um mito. Nós falamos de todas as doenças, falamos de acidentes automobilísticos, falamos de acidentes de trabalho, falamos de doenças graves e crônicas, por que não podemos falar de suicídio? Pelo contrário, quando nós falamos de suicídio, nós evitamos, porque é um tabu tão grande, que quando você debate sobre suicídio, geralmente alguém da plateia ou em casa, quando a gente está falando no jornal ou no rádio, ela se identifica e sabe que não está só no mundo e pede ajuda.
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Como “consolar” uma pessoa com ideação suicida?
A ideação suicida é um dos sintomas de muitas doenças psiquiátricas, geralmente, a gente tem que identificar a causa base, por exemplo, um quadro depressivo. Existe medicação anti suicida; quando o caso é crônico, um caso relacionado a uma perda, a um luto, geralmente, além da medicação, indicamos acompanhamento psicológico. O normal é a gente lutar pela vida, lutarmos para permanecer vivos. Quando uma pessoa tem vontade de morrer, ela está doente e a gente tem que levar a sério todas as vezes que o paciente fala que tem vontade de se matar. Então conversamos com o paciente e com a família, porque o apoio familiar é muito importante.