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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.213

28/05/2025

UPA de Pato Branco é transformada em mini-UTI para pacientes graves de Covid-19

Médico que trabalha na unidade relatou como tem sido a rotina de atendimento.

O prefeito Robson Cantu recebe os equipamentos para leitos de UTI, na UPA, ao lado do médico Felipe Balem e da secretária de Saúde Lilian Brandalise.

O Governo do Estado enviou equipamentos para abertura de seis leitos de UTI para atendimento de Covid-19 que serão montados na UPA de Pato Branco. Os equipamentos serão utilizados para entubar pacientes até que abra uma vaga em UTI na Central de Leitos Regional, que está trabalhando com ocupação máxima nas últimas semanas. O crescimento do número de pacientes com necessidade de internamento em UTIs cresceu em dois meses e nesta semana o quadro se agravou.

O médico Felipe Balem, que trabalha na UPA em Pato Branco, conversou com o Jornal de Beltrão sobre o quadro na unidade. Os números têm mostrado que a letalidade da doença é de 40% para pacientes de UTI e 23% para hospitalizados. O médico afirma que a impressão que se tem é que o vírus ficou mais agressivo. Confira a entrevista, que mostra o drama vivido pelos profissionais de saúde que ali atuam.

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JdeB – Dr. Felipe, como está o trabalho neste momento na unidade?
Dr Felipe Balem –
A UPA de Pato Branco vem cada vez mais virando uma mini-UTI. Todos os dias mais pacientes graves estão na fila aguardando um leito para internar. Hoje temos seis pacientes aguardando vaga e dois foram entubados em sala de emergência, fora 12 pacientes de enfermaria. Hoje a unidade foi reestruturada e temos ela com 20% para os casos genéricos e 80% da estrutura exclusiva para pacientes de Covid-19.

O que diferencia as unidades especiais de leitos da UPA com um leito de UTI?
A gente considera esses leitos como unidades semi-intensivas, com o apoio de outros procedimentos nos hospitais locais. Mas, basicamente, esses leitos têm todo o suporte de vida de um leito de UTI normal.

Os números têm mostrado 40% de letalidade dos pacientes que vão para UTI, é isso mesmo?
Sim, eu digo que, na verdade, a letalidade é maior, 50%. Os que são entubados entram numa luta pela sobrevivência em que apenas a metade tem vencido. Os pacientes ficam até 40 dias entubados e no final acabam indo a óbito, é uma doença muito agressiva.

O que está matando os pacientes com Covid-19?
O pulmão. As pessoas chegam até nós com o pulmão comprometido. Hoje temos dez pacientes aqui com mais de 50% do pulmão saturado, alguns com até 80%. Mesmo depois de corrigido o problema, esses pacientes entram num quadro de acidose, que é quando o sangue fica muito ácido. Isso também tem levado muitos pacientes a óbito, porque desregula completamente o organismo.

Que tratamento tem sido feito aqui na UPA para esses pacientes mais graves?
Um conjunto de medidas, e cada paciente tem um quadro diferente. Mas, via de regra, utilizamos corticoides, porque o que está matando é a reação inflamatória do organismo, não o vírus em si. Muitos pacientes, já internados há mais de 30 dias, nem têm mais o vírus no corpo, mas continuam com o pulmão comprometido e uma violenta reação inflamatória. Então usamos tudo o que temos para salvar esta vida. 

Então é esperar e rezar?
Sim, a gente dá todo o suporte para o paciente. Mas a guerra se trava entre ele e o vírus. 

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