
Celebrar a vocação para cuidar de pessoas sem esquecer as dificuldades de exercer a profissão no Brasil nem perder a esperança em construir uma medicina melhor – a começar por mudanças substanciais nos rumos da saúde pública, em especial, na esfera federal. É com esse sentimento que alguns dos mais experientes médicos de Francisco Beltrão estão celebrando, hoje, o Dia do Médico, uma das profissões mais antigas, inspiradoras e fundamentais da sociedade.
Para a dra. Wemilda Feltrin, 59, os médicos sempre têm o que comemorar “por poder exercer a profissão e ter condições de atender as pessoas naquilo que precisam”, apesar das críticas ao que considera “ingerência” do Governo Federal, que dispensou médicos estrangeiros do programa Mais Médicos de passarem pelo Revalida, a avaliação para que se validem os estudos feitos fora do país.
“Nada contra ter médicos de outros países, que devem ter passado por um bom curso, mas quando não se pede o mesmo rigor nas avaliações para saber se essas pessoas formadas em outros países têm capacitação para trabalhar, quando se tem dois pesos e duas medidas, isso preocupa para o futuro e desestimula os novos médicos formados no Brasil”, avalia Wemilda, que é pediatra e diretora-administrativa da Unimed do município.
Esperança e crítica ao Governo Federal também aparecem nas declarações do presidente da Associação Médica do Sudoeste Novo, Badwan Abdel Jaber, 44. “Em toda a comunidade médica, o sentimento único é de esperança. Esperança de que a saúde pública seja encarada de forma séria e não maquiada e usada de maneira eleitoreira; de que o povo acorde e exija saúde digna para todos, com qualidade e eficiência nos serviços”, disse, acrescentando ainda que os médicos brasileiros “serviram de bode expiatório” para a dura realidade da saúde pública no país.
Sudoeste bem de saúde
O médico Rubens Fernando Schirr, 57, ressalta a “vocação de ser médico” como o principal motivo de comemoração de hoje. “Há um livro, ‘Carta a um jovem médico’ (do autor Adib Jatene, médico), que diz que a nossa primeira atuação é curar; se não pudermos curar, aliviar; e se não pudermos curar nem aliviar, temos que ser solidários ao doente. Então, antes de o médico ser especialista em ginecologia ou pediatria, ele deve ser especialista em gente. É isso que as pessoas querem: serem vistas por inteiro”, afirma.
Ginecologista, obstetra e diretor-financeiro da Unimed de Beltrão, Rubens aponta a “falta de educação em saúde e prevenção” como uma das deficiências das políticas públicas brasileiras, mas, por outro lado, ressalta o desenvolvimento da medicina na região depois da construção do Hospital Regional do Sudoeste, da implantação do curso de medicina na Unioeste e a conquista de outro curso a ser instalado em Pato Branco.
“Hoje o foco é na doença, mas a tendência do foco é ser na saúde e no atendimento básico, primário, familiar. Assim você permite que as pessoas que adoecem tenham condições de fazer um tratamento rápido, barato e tranquilo. A perspectiva para a nossa região é muito boa. A gente já percebe uma grande melhora. Médicos de fora, muito capacitados, chegaram, assim como os que já estavam aqui estão procurando se capacitar ainda mais”, analisa.