O agricultor Rafael Lasta, de Ampere, tem sítio na Linha Gaúcha, em Francisco Beltrão, e atrasou em 12 dias o plantio de soja à espera da chegada das chuvas. Desde 20 de agosto até o final de setembro, praticamente não choveu em Beltrão e região. Rafael plantou num dia e no dia seguinte choveu – foi no final de setembro. “Este ano estamos plantando 120 alqueires. No ano passado plantamos menos soja porque plantamos milho”, conta o produtor.
Na safra 2015-2016, a saca de milho estava com preço estável a R$ 44 e o preço acabou caindo bastante. No momento, a saca de 60 quilos está oscilando entre R$ 20 e R$ 21, preço muito baixo para o setor produtivo. Quem ganha são as cerealistas e as indústrias de ração e agroindústrias que transformam o grão em diversos produtos. “Agora, pra esta safra que vem, o preço tá baixo. É especulação no mercado, a gente não sabe se vai se manter estável ou não”, observa o produtor rural.
Em relação ao custo da soja, os valores são menores e a rentabilidade, maior que o milho. No entanto, neste ano, a cotação se manteve na faixa de pouco mais de R$ 50 porque houve uma grande produção mundial. Rafael argumenta que “a soja, em si, hoje é mais rentável pra nós. Eu já vi contratos até a R$ 72. Calculo que vai ficar nesta faixa de preço [na época da colheita]”.
Ele fez contrato com uma empresa para pagamento dos insumos à base de troca com parte da produção. Animado, Rafael estima que nesta safra a remuneração dos agricultores será maior com a soja. “Eu calculo em torno de dez reais a mais, não sei, o mercado é que vai decidir, conforme a produção deste ano, porque se der uma estiagem, se der alguma coisa, porque esse tempo não está tão estável.”
O agricultor fez um plantio intercalado. Plantou variedades mais precoces, de ciclo normal, e outra variedade para avaliar durante o cultivo o desenvolvimento e as condições climáticas. Ele pretende plantar feijão na safrinha, apesar do atraso no plantio da soja.
Rafael só vai fazer o cultivo da safrinha porque conseguiu parte das sementes de soja de ciclo curto. “Tinha a projeção de fazer antes [o plantio], mas as chuvas não vieram, tanto que a ideia era fazer a safrinha de feijão, pra não atrasar. Mas a gente conseguiu essa semente de ciclo mais curto, daí a gente consegue fazer a safrinha, só que tem que aguardar agora.”
Aposta no milho
O agricultor está sempre de olho nas cotações de preços e escolha das culturas. Para Rafael, quem optar pelo cultivo de milho ainda poderá se dar bem na colheita. Embora o preço esteja baixo desde a colheita da primeira safra 2016-2017. “Na minha opinião, quem plantar milho é capaz de se dar bem. Dizem que tem bastante estoque no mercado, mas eu não acredito que tenha tanto assim, pois até tem algumas empresas que estão trazendo milho do Paraguai porque a safrinha de milho do Paraná não tem muita qualidade e estão importando. Então, pode ser que quem plantar milho este ano se dê bem, quem sabe não. O milho é muito especulado.”