A idealizadora do projeto, Leidiane Cândido, diz que o maior desafio, além do financeiro, é conscientizar a população sobre a importância da causa.
Criado há quase 10 anos, o Bazar da Pretinha, em Francisco Beltrão, é um projeto solidário que arrecada recursos para manter a alimentação, o atendimento veterinário e os cuidados básicos de mais de 200 animais, entre os que estão sob cuidados de Leidiane Cândido, protetora independente da causa animal e a pessoa por trás do projeto.
Leidiane conta que o bazar é uma estratégia que nasceu da necessidade de custear animais resgatados. “Comecei a resgatar animais após passar por um momento difícil de depressão. A convivência com animais de rua foi essencial para minha recuperação e, ali, nasceu minha decisão de atuar como voluntária.” Seu primeiro resgate foi o de uma cadela encontrada amarrada no mato, fraca e sem forças para se levantar. Batizada de Giseli, ela foi salva e marcou o início dessa caminhada.
Voluntária há 22 anos, Leidiane comanda sozinha o Bazar da Pretinha, nome dado em homenagem à Pretinha, uma filhote resgatada que foi deixada amarrada em uma árvore, chorando muito. “Ela ficou no bazar quando ainda não tínhamos nome. Os clientes se apegaram a ela e decidimos homenageá-la. Hoje tem nove anos e ainda faz parte do bazar.”
O espaço é mantido com recursos próprios, incluindo o pagamento de aluguel, e funciona por meio de doações da comunidade — amigos, familiares e seguidores nas redes sociais. No bazar, são vendidos roupas, brinquedos, livros, utensílios domésticos, móveis e artesanatos em bom estado. Não há trocas nem compras — apenas doações. Além disso, em datas especiais, são comercializados ovos de colher na Páscoa e panetones no Natal, além de rifas e mega liquidações a cada dois meses.
A renda arrecadada é totalmente destinada à causa: ração, produtos de limpeza, medicamentos, fraldas, cirurgias, castrações e atendimentos veterinários. “Não temos abrigo, por isso ajudo diretamente cerca de 50 animais e, indiretamente, mais de 200 em lares temporários. Tudo é feito de forma voluntária e sem apoio de órgãos públicos”, destaca Leidiane.
Um trabalho de formiguinha com grandes resultados
Em duas décadas de dedicação, Leidiane estima que já ajudou mais de 5 mil animais. Ainda assim, ela enfrenta desafios constantes — o maior deles, segundo ela, é o emocional. “Tudo demanda dinheiro, mas, com muito trabalho, conseguimos dar conta. Mas o descaso, a falta de ajuda e críticas destrutivas abalam o emocional, o que acaba fazendo com que muitos desistam. Em nosso município existem pouquíssimos voluntários que atuam na linha de frente resgatando, ajudando e mantendo animais em lar temporário.”
Para ela, o maior problema é a falta de conscientização da sociedade. “As pessoas ainda acham que ajudar animais é perda de tempo, uma inversão de valores. Esquecem que isso também é uma questão de saúde pública. Se cada cidadão fizesse a sua parte — não abandonando, castrando, não cometendo crueldade —, a realidade seria bem diferente”, avalia.
Leidiane também se posiciona contra a ideia de abrigos fixos e acredita que lares acolhedores são a melhor maneira para resgatar o animal. “Não acredito que o animal precise viver em um ‘depósito’. Eles merecem mais do que baias e solidão. Castração e conscientização são as verdadeiras soluções a longo prazo.”
O Bazar da Pretinha funciona de segunda à sexta, das 15h às 18h; sábado das 10h às 13h, na Rua Prudente Albuquerque, 274 (rua da creche e do ginásio, atrás da Igreja São Antônio), Bairro Cristo Rei. O telefone para contato é (46) 9 9918-7501.
