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Francisco Beltrão
segunda-feira, 02 de junho de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Caminhoneiros adotam protocolos de segurança para evitar o coronavírus

Gabriel Vanzela descreve medidas rigorosas que passou na nova rotina contra o coronavírus

Motorista de caminhão desde 2014, Gabriel Vanzela segue medidas restritivas para evitar o contágio e propagação do vírus.

Desde que as medidas mais rígidas contra o novo coronavírus foram adotadas e os serviços essenciais elencados por decreto, Gabriel Vanzela, de 39 anos, notou que apenas a máscara facial e o álcool em gel não eram o suficiente. “Todo cuidado é pouco nesse momento”, reverbera a máxima dita por vários profissionais que não puderam parar durante a pandemia. Segundo o caminhoneiro, há seis anos como motorista na empresa familiar que presta serviços terceirizados à BRF de Francisco Beltrão, pelo menos sete ações pontuais foram incluídas na nova rotina, que ainda tem a estrada como desafio diário.

“Logo que começamos a adotar as boas práticas no combate ao vírus, a utilização de máscara, limpeza constante das mãos e o distanciamento social, começamos a fazer uma logística mais elaborada no sentido de evitar paradas em pontos com circulação de pessoas”, pontua.

Entre as medidas adotadas está a limpeza do caminhão para evitar o contágio através do contato com equipamentos e produtos (higienização de volante, câmbio, freio estacionário e painel), viagem com os vidros abertos (para maior circulação do ar), frequente lavagem das mãos e uso do álcool em gel, manutenção do distanciamento social (priorizando a permanência na cabine do caminhão nas cargas e descargas), substituição das mãos pelos cotovelos quando precisar tocar superfícies após uso de sanitários (como maçanetas), uso de utensílios próprios para fazer as refeições (priorizando locais abertos, arejados e com distanciamento social) e o fim das aglomerações em qualquer estabelecimento de parada.

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Mas não apenas na estrada, a nova rotina começa antes de chegar à cabine. “Todos os dias ao chegar na empresa para a qual prestamos o serviço passamos por uma barreira sanitária: somos recebidos por funcionários bem protegidos, a temperatura do corpo é medida, as mãos higienizadas e passamos por um questionário que avalia o risco potencial de estarmos com o coronavírus. Um túnel de desinfecção também está em fase de construção e logo estará em funcionamento”, pondera Gabriel.

Da estrada para casa
Ao chegar em casa, o cuidado é o mesmo. Se na estrada há o distanciamento para evitar o contágio do novo coronavírus, em casa há o cuidado para não transmiti-lo. Como a esposa de Gabriel também realiza trabalhos externos, o casal segue o recomendado pelas entidades de Saúde: entrar em casa sem sapatos, ter o mínimo de contato com objetos da casa antes da higiene pessoal e restrição à interação com amigos e familiares.

Um atípico necessário, sobretudo diante da escalada de casos na categoria. Segundo dados da Secretaria de Saúde de Francisco Beltrão, que desde o início de junho passou a divulgar a profissão das pessoas que testavam positivo para a doença, os caminhoneiros eram a segunda categoria mais afetada com a doença, com seis casos positivos – atrás dos trabalhadores da saúde, que tinham sete casos. Este boletim foi divulgado no dia 7 de junho. Uma semana depois, no dia 14, já eram nove casos, e também a profissão com mais casos positivos da doença. Os índices seguiram em ascensão e no dia 28 de junho já havia 16 profissionais do transporte em isolamento domiciliar devido à Covid-19 no município.

Junto com os casos, somou-se a intolerância de quem não entende os riscos do trabalhadores que, mesmo com cuidados, contraem o vírus. “Agora, com a crise do novo coronavírus, o papel do caminhoneiro é potencializado novamente já que enquanto a maioria da população encontra-se em isolamento social, muitas vezes no conforto do lar, os caminhoneiros continuam nas estradas, longe da família, submetidos à falta de suporte e expostos a maiores níveis de riscos de contrairem a doença”, analisa. “Se pensarmos analiticamente, é fácil perceber que os motoristas e caminhoneiros serão os maiores alvos: é uma atividade essencial, ou seja, a atividade não pode parar, é uma tarefa que leva o profissional a um maior número de lugares e um maior contato com pessoas, o que, logicamente, o expõe mais ao risco. Por meio da imprensa ouvi relatos em que portadores da Covid-19 aqui da região, que não eram motoristas, foram hostilizados e acho deprimente tal atitude. Acredito que o preconceito é um problema tão grave quanto o corona vírus.”

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