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Francisco Beltrão
domingo, 01 de junho de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Em Francisco Beltrão, muitas dúvidas na primeira semana de mudança no transporte coletivo da cidade

Segundo a administração municipal, as novidades vão aparecendo aos poucos, para a população se adaptar “paulatinamente”.

 

Ônibus como esse já estão circulando pelas ruas de Francisco Beltrão desde o dia 1º. Muitas mudanças devem acontecer no transporte coletivo no período entre 90 e 120 dias. 
Fotos: Adolfo Pegoraro/JdeB

Nesta semana, a reportagem do JdeB percorreu alguns pontos de ônibus da cidade para saber como está a aceitação do transporte público de Francisco Beltrão, depois das mudanças do dia 1º de janeiro. E o que foi registrado é que a população ainda tem muitas dúvidas sobre o que já mudou e o que vai mudar.

Terezinha da Almeida, moradora do bairro Jardim Itália 2, disse que ainda não sabe o que mudou além da cor dos ônibus. “Está todo mundo falando que mudaram os ônibus, mas eu ainda não vi nada. É que eu uso o ônibus uma ou duas vezes por semana. Mas torço que essas mudanças venham para melhorar. Nós merecemos isso”, comenta a moradora, sendo entrevistada em um ponto de ônibus na entrada do bairro.
Esse foi um pedido de um dos moradores do bairro Padre Ulrico também: mais divulgação. “Como que a gente vai saber as novas rotas se não foi nada divulgado ainda? Eles precisam colocar em panfletos pra a gente saber. Até agora, eu não vi muitas melhoras não”, critica seu Izaque da Silva, aposentado.
O cadeirante Nelson Zoanazi, que frequenta bastante o terminal rodoviário, diz que vai testar todos os ônibus hoje para saber se está funcionando a acessibilidade. “Por enquanto, vejo que os ônibus não estão tão novos como divulgaram. Esses amarelos aí estão quebrando mais que os antigos. Agora eu vou testar os elevadores pra saber se não é só o adesivo mesmo nos ônibus”, comenta Nelson, que também conversa com muitos usuários do transporte coletivo.

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Os ônibus amarelos já estão circulando pelas ruas da cidade desde o dia 1º 
de janeiro. De 14 unidades, agora Francisco Beltrão passou para 22 veículos.

 

O município

Segundo o prefeito em exercício, Eduardo Scirea (PT), as mudanças vão ocorrer aos poucos e que não é pra população ficar alarmada. “Nosso prefeito Cantelmo Neto disse para que a gente fizesse um processo licitatório pensando em Francisco Beltrão daqui a 30 anos. O último pleito licitatório de outorga havia sido 20 anos atrás. A gente sabe que o ideal é de dez em dez anos, podendo ser renovado. A essência de tudo isso é a trafegabilidade e a mobilidade urbana. Os países mais desenvolvidos do mundo colocam o transporte coletivo como o preferencial. E dentro desta lógica, nós temos que ter um serviço de qualidade. Nós queremos que as pessoas tenham opção com qualidade em transporte coletivo. E pra que isso aconteça, tem alguns pontos em que fomos atrás nesse processo licitatório. Teremos 50% a mais de veículos em nossas ruas. Vai ter maior frequência de ônibus nos bairros. Com a construção de novos loteamentos, a cidade ficou ainda mais horizontal e os pontos de ônibus ficaram mais distantes ainda. Na lei, se pede que se tenha um ponto de ônibus até 500 metros da residência do usuário. Vai ter situação de câmera, Wi-fi, é um processo lento, mas vai ter. Mas vão ser mudanças paulatinas, não vai acontecer uma ruptura no transporte coletivo”, disse Scirea nesta semana, em entrevista à Rádio Educadora AM, no programa Redação 1060.
O secretário de Administração de Francisco Beltrão, Saudi Mensor, também reitera que as mudanças serão gradativas. “É importante falarmos sobre isso porque só está no início das mudanças. Nós preferimos fazer as adequações aos poucos, para que as pessoas pudessem sentir as mudanças sem mudar muito o seu dia a dia. Foi assinado o contrato no dia 31 de dezembro, no dia 1º de janeiro uma das empresas parou de prestar serviço ao município. Neste dia, todos os ônibus tiveram que se adaptar em relação à acessibilidade, bilhetagem eletrônica e até oito anos. Daqui cinco anos, por exemplo, a idade máxima vai ser de seis anos.  Com isso tudo acontecendo, cada dia dando um passo, acredito que de 90 a 120 dias tudo seja melhorado”, avalia.
 
A empresa
Até o dia 31 de dezembro, o transporte coletivo em Francisco Beltrão era prestado por duas empresas: a Tans Scheid e a Guancino Transportes. Desde o dia 1º de janeiro de 2016, somente a Guancino ficou nesta prestação de serviço, pois foi a única que se enquadrou nas novas exigências da licitação. Segundo Muran Almeida, gerente da Guancino, a adaptação está sendo tranquila. “A gente já tinha um respaldo da outra empresa, a Trans Scheid, que nos deu uma boa explicação sobre itinerários. Em comum acordo com a Prefeitura e também para não gerar transtornos aos usuários, nós acabamos apenas assumindo os itinerários das outras empresas por enquanto. Não houve turbulência, foi bem tranquilo”, afirma. Ele diz que as passagens em papel vão continuar valendo, mesmo com a utilização da bilhetagem eletrônica. “Toda a venda de vale-transporte que era realizada na garagem da Guancino, no bairro São Cristóvão, já está concentrado no Shopping Aquarius, nas salas 51 e 52, é fácil identificar. Estamos terminando de instalar os equipamentos, mas semana que vem a gente deve começar. Já iniciamos o cadastramento dos funcionários e o treinamento deles para a bilhetagem eletrônica. Aos poucos a gente vai implantar para a população. A longo prazo, quem vier com dinheiro vai pagar sem problema nenhum. O cobrador vai estar lá e vai receber. Mas a gente aconselha para que todos procurem fazer o cartão, até pela segurança e agilidade. É muito fácil de usar.”
Muran disse que a empresa fez visitas em várias cidades antes de assumir a licitação. “Visitamos várias cidades no Paraná. Pato Branco já está utilizando a bilhetagem eletrônica. Visitamos também Chapecó. A gente vem acompanhando tudo isso. É toda uma tecnologia que vem aí para ajudar as nossas empresas e nossos clientes. Acessibilidade é garantia para o município agora, era uma das exigências do edital. Hoje todos os ônibus são acessíveis, o que abre um leque enorme para o pessoal que necessita utilizar. Em alguns ônibus, conseguimos implantar até espaço para dois cadeirantes”, complementa.

Marizete Mello, que utiliza o transporte coletivo todos os dias, pedindo informações para Regina Chinelatto, atendente do escritório da Guancino Transportes, no Shopping Aquárius.

 

 
Funcionários da Trans Scheid
Com o encerramento das atividades da Trans Scheid, os funcionários foram demitidos. Mas, segundo Saudi Mensor, o município não podia exigir que a Guancino Transportes assumisse o passivo de pessoal da outra empresa. “Seria contra a lei fazer isso. Até porque a empresa que permanece vai continuar contratando aos poucos, não tudo de uma só vez. Mas se uma empresa demitiu, outra está contratando”, avalia.
Muran Almeida diz que o processo de contratação vai ser igual para todo mundo, indiferente se trabalhava na outra empresa ou não. “Nós temos um procedimento na empresa. A pessoa precisa trazer um currículo e foto, dizer pra qual vaga está se candidatando. Não abrimos prioridades, a psicóloga faz a avaliação dentro de cada função, vai passar por entrevista e por testes. Temos muitos currículos. Já fizemos algumas contratações e vamos precisam de outras”, comenta.
 
Sala no shopping

Nesta primeira semana de 2016, já funcionou no Shopping Aquárius, em Francisco Beltrão, um escritório da Guancino Transportes Coletivos para atender a população. Por enquanto, o local está passando por um processo de adaptação e serviu mais para passar informações. Mas a partir de semana que vem, deve começar o cadastramento para a bilhetagem eletrônica, que deve obedecer a seguinte ordem de prioridade: idosos (não pagantes), estudantes (meia-passagem) e o restante da população (passagem inteira). “Quem for passar do papel para o cartão, vai receber todas as passagens em crédito, mas vai precisar trazer a nota fiscal. Enquanto tiver passagem em papel, a gente vai receber. As mudanças vão acontecer aos poucos”, diz Elizabete de Mello, gerente de vendas do escritório da Guancino no Shopping Aquárius.
 
Divulgação
O secretário Saudi Mensor fez questão de enfocar que, assim que surgirem mudanças no transportes coletivo, elas serão amplamente informadas. “Nós vamos confeccionar agora os panfletos de divulgação para colocar nos ônibus, vamos passar informações para os veículos de comunicação. Enfim, cada ação vai ser amplamente divulgada. Queremos usar também as redes sociais. E um aplicativo vai ser criado daqui cerca de 120 dias para que o usuário possa visualizar em seu celular a melhor rota de sua saída até o seu destino”, explica Saudi.

 

Como era até 31/12/2015
– Empresas que faziam o transporte: Trans Scheid e Guancino Transportes;
– Não havia a exigência de adaptação para cadeirantes em todos os ônibus;
– Não havia opção de bilhetagem eletrônica;
– Os ônibus eram brancos com verde (Guancino) e com vermelho (Scheid);
– A idade máxima dos ônibus exigida era de até 10 anos;
– As passagens eram compradas na sede da empresa, no bairro São Cristóvão;
– Eram apenas 14 ônibus circulando na cidade.
 
Como ficou depois de 1/1/2016
– Apenas a Guancino Transportes assumiu a prestação de serviços;
– Todos os ônibus passaram a ser adaptados para cadeirantes;
– Foi instalado o sistema de bilhetagem eletrônica;
– Os ônibus passaram a ser amarelos, para ter mais visibilidade;
– A idade máxima dos ônibus reduziu para até 8 anos;
– Foi criado um escritório no Shopping Aquárius para atender os usuários;
– Alguns funcionários já foram contratados pela Guancino Transportes;
– Quantidade de ônibus passou a ser de 22 veículos na cidade.
 
Como vai ficar entre 90 a 120 dias
– Novas rotas serão inseridas, como no Loteamento Bom Pastor e na Água Branca;
– Mais pontos de ônibus serão instalados para beneficiar novos moradores;
– O horário de ônibus nos bairros vai até as 23 horas;
– Será feito todo o cadastramento para a bilhetagem eletrônica;
– Será lançado um aplicativo para que o usuário saiba a sua melhor rota;
– Haverá divulgação em pontos de ônibus, terminal rodoviários e veículos de comunicação;
– Mais funcionários serão contratados pela Guancino Transportes;
– Cobradores vão continuar recebendo bilhetes antigos e valores em dinheiro;
– Serão instalados seis novos pontos diferenciados no Centro da cidade, que vão funcionar como um terminal rodoviário a céu aberto. Os usuários vão poder desembarcar e embarcar novamente em até uma hora sem pagar uma nova passagem. Ruas serão delimitadas.
 
Como deve ficar em cinco anos
– Idade dos ônibus exigida vai ser de até seis anos de uso;
– Tendência é que o terminal rodoviário seja mudado de local ou até eliminado;
– Haverá Wi-fi no ônibus para que os usuários possam usar o aplicativo;
– Tendência é que haja um ponto de ônibus em até 500 metros da residência do usuário, como prevê a lei de mobilização urbana;
– A empresa terá estatísticas de quantos embarques por dia e quantos são pagantes, estudantes ou não pagantes;

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