JdeB – Após a diretoria executiva do Marrecas Clube emitir nota rejeitando a proposta de incorporação oferecida pela Associação da Juventude Unida Beltronense (Ajub), em janeiro de 2025, o conselho deliberativo do clube também emitiu nota demonstrando interesse na proposta e convocando uma assembleia para decidir a questão.
O comunicado da diretoria executiva argumenta que a medida não traria benefícios concretos e poderia causar impactos financeiros, estruturais e administrativos ao clube, pois a integração de novos sócios e a manutenção da sede da Ajub exigiriam recursos significativos. “Reconhecemos que o patrimônio da Ajub possui valor significativo, mas entendemos que uma junção deste porte necessitaria de muito tempo de estudos e análises de viabilidade.”
Por outro lado, o conselho deliberativo acredita que a proposta de incorporação de um imóvel urbano de 6,3 alqueires (aproximadamente 152 mil m²), em troca de 44 títulos patrimoniais, merece análise mais aprofundada. A nota enfatiza que o próprio Marrecas Clube, fundado em maio de 1981, “incorporou três ativos fundamentais para sua estrutura atual: a Sociedade Barro Preto, o Clube Recreativo União e o Clube Real – todos em troca da concessão de títulos patrimoniais. Sem essa base sólida construída a partir dessas incorporações, talvez o Marrecas Clube nem existisse como conhecemos hoje”, diz o comunicado.
O conselho aprovou, em reunião ordinária, a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária. “Tal medida visa garantir que todos os sócios patrimoniais tenham a oportunidade de conhecer em detalhes a proposta e decidir, de forma democrática e transparente, sobre sua aceitação ou não”, diz o comunidade.
Confira as duas notas – da diretoria executiva e do Conselho Deliberativo do Marrecas Clube – na íntegra:
Entenda o caso
A Ajub (Associação da Juventude Unida Beltronense) aprovou propostas para a venda parcial do imóvel e a possibilidade de incorporação por outro clube. A assembleia foi realizada em 15 de março desse ano. Segundo o presidente Anizio Cezar Pereira, a falta de novos sócios levou a diretoria a tomar essa decisão. Ao todo, 100 títulos serão colocados à venda, e a diretoria definirá qual parte do terreno será negociada. A oferta de incorporação foi feita ao Marrecas Clube, que ainda analisa a proposta.
Cezar diz que a Ajub conta atualmente com 44 sócios, não possui dívidas e é considerada o maior clube do Paraná em extensão territorial. Fundado em 1965, o clube funcionou por 40 anos na região central de Beltrão. Há cerca de 15 anos, transferiu-se para uma área próxima à área urbana.
Nota da Diretoria Executiva do Marrecas Clube
Referente à assembleia convocada pelo Conselho Deliberativo:
A Diretoria Executiva do Marrecas Clube vem, por meio desta, esclarecer aos seus associados e ao público em geral que neste momento não é favorável à proposta de incorporação da Ajub (Associação da Juventude Unida Beltronense), por entender que a medida não traria benefícios concretos ao clube.
Além de não oferecer vantagens claras, a proposta implicaria na transferência de todos os atuais sócios da Ajub e seus dependentes para o Marrecas (estes como sócios remidos), o que acarretaria impactos diretos na estrutura física, administrativa e financeira do Marrecas.
Também haveriam custos adicionais com a manutenção da sede da Ajub, que passariam a ser custeados com recursos do próprio Marrecas Clube.
Reconhecemos que o patrimônio da Ajub possui valor significativo, mas entendemos que uma junção deste porte necessitaria de muito tempo de estudos e análises de viabilidade.
Neste momento, acreditamos que absorver um número tão expressivo de sócios e assumir novas responsabilidades estruturais e financeiras desviaria o foco das melhorias e investimentos urgentes que todos nós sabemos que o Marrecas Clube necessita e que estão sendo planejados com responsabilidade e compromisso com os nossos associados.
Seguimos firmes no propósito de preservar o equilíbrio do clube e priorizar ações que realmente contribuam para o seu fortalecimento.
Diretoria Executiva Marrecas Clube
Nota do Conselho Deliberativo do Marrecas Clube
O Conselho Deliberativo, fiel com transparência e ao compromisso com seus associados, vem esclarecer os fatos recentes relacionados à proposta de incorporação de um importante ativo ao patrimônio do clube.
Em janeiro deste ano, a diretoria executiva recebeu a proposta de um imóvel de 6,3 alqueires com respectivas benfeitorias, localizado no perímetro urbano, Linha Bilibaldo Feitem, em Francisco Beltrão, em troca de concessão de 44 títulos patrimoniais. Após análise conjunta entre a diretoria executiva e o conselho deliberativo, a proposta foi inicialmente descartada, pela diretoria executiva.
Contudo, o conselho deliberativo entendeu que a proposta merece uma avaliação mais aprofundada, especialmente considerando o valor estratégico e os potenciais benefícios futuros que este ativo pode trazer ao clube e aos seus associados.
O importante é recordar que o Marrecas Clube nasceu em 18 de maio de 1981 e, naquela ocasião incorporou três ativos fundamentais para sua estrutura atual: a Sociedade Barro Preto, o Clube Recreativo União e o Clube Real – todos em troca da concessão de títulos patrimoniais. Sem essa base sólida construída a partir dessas incorporações, talvez o Marrecas Clube nem existisse como conhecemos hoje. Essa experiência histórica reforça a relevância de analisar com responsabilidade e visão de futuro propostas semelhantes.
Sabemos que entre os sócios surgiram dúvidas sobre a finalidade da incorporação e se isso implicaria na existência de duas sedes do clube, uma na Rua Niterói e outra no imóvel proposto. Esclarecemos que, absolutamente, não se trata da criação de uma segunda sede recreativa, social ou esportiva. Embora o espaço em questão possa estruturar nesse sentido, o Marrecas Clube não o incorporaria com essa finalidade.
A intenção é que o imóvel, após a incorporação, possa ser temporariamente locado ou até mesmo desativado, até que, em um futuro não muito distante, seja vendido. Os recursos oriundos dessa eventual venda deverão ser aplicados diretamente na melhoria da sede atual, localizada na Rua Niterói, no Bairro Alvorada.
Diante do reenvio da proposta por parte do proponente, o conselho deliberativo, em conformidade com suas atribuições estatutárias, deliberou em reunião ordinária pela convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária. Tal medida visa garantir que todos os sócios patrimoniais tenham a oportunidade de conhecer em detalhes a proposta e decidir, de forma democrática e transparente sobre sua aceitação ou não.
Ressaltamos que a convocação da Assembleia está de acordo com o artigo 51º, item “2”, alínea “b” (anexar ou incorporar sociedades), do Estatuto do Clube, que entende-se ser direito dar voz aos sócios diante de uma oportunidade que pode trazer ganhos importantes ao clube no médio e longo prazo.
Contamos com a participação de todos e nos colocamos à disposição para prestar os devidos esclarecimentos.
Atenciosamente,
Francisco Beltrão,
14 de abril de 2025.
Conselho Deliberativo
