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Francisco Beltrão
segunda-feira, 02 de junho de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Onde deveria estar a calçada, mato, entulhos, carros e até feijão

Tem muitos pontos sem passeio algum e onde ele existe, às vezes, há vários obstáculos.

Neste ponto da Avenida Attilio Fontana não tem calçada e onde ela existe há lixo, poste e um carro estacionado. Um problema que se repete em vários locais da cidade. 

Foto: Leandro Czerniaski/JdeB

Andar a pé pelos bairros de Beltrão é um desafio e tanto. Em alguns pontos até existe calçada construída dentro dos padrões, mas de repente ela termina. Depois começa de outra forma e serve de depósito de tijolos. Mais adiante, uma placa, um poste e um carro estacionado, tudo no mesmo lugar. E ainda tem local em que há até plantio de feijão no espaço onde deveria estar o passeio.

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Estas foram situações encontradas pelo JdeB em alguns pontos da cidade nos últimos dias. E dos casos analisados, fica uma constatação: o problema das calçadas na cidade não é somente estrutural, mas também de educação, pois mesmo nos locais onde o passeio foi construído às vezes é utilizado como estacionamento ou depósito de galhos e entulhos.

Uma pesquisa realizada por acadêmicos de Arquitetura e Urbanismo da Unipar mapeou todas as calçadas da área central da cidade, há dois anos, e verificou que somente metade da extensão estava em boas condições. Em 40% dos passeios havia piso tátil para cegos – uma exigência para todos os passeios.

A solução, segundo a professora de Arquitetura e Urbanismo da Unipar Mônica Gonçalves Scatola, é mais complexa do que parece e pode ser buscada por meio de um plano de calçadas padrão. “Percebe-se que ainda há locais que poderiam receber melhorias para que possamos alcançar uma mobilidade de pedestres sustentável pelos passeios da cidade. Ou seja, estamos falando de calçadas que ofereçam, também, faixas permeáveis para plantio de vegetação adequada; disposição de mobiliário urbano e em número suficiente; amenidades urbanas como bancos, bebedouros, áreas de descanso; segurança em áreas de travessia de pedestres e alargamento e aproximação de calçadas com canteiros centrais; alargamento e disponibilização de faixas de calçadas para o comércio e serviços como bares e restaurantes; disposição de iluminação a nível do usuário e proteção de esquinas e outros pontos de trânsito mais intenso com elementos construídos e floreiras”, analisa.

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Precisa investir e ter a solução
A construção de calçadas deve seguir normas técnicas de acessibilidade (NBR 9050). A ideia é padronizar este tipo de via considerando uma faixa livre para o trânsito de pedestres, o alinhamento destinado aos postes, rede de água e esgoto, árvores e também a inclinação máxima e tipo de piso. Tudo isso deve ser observado em conjunto com as leis de cada cidade, no entanto, nem sempre esses detalhes são observados.

“O mais triste é fazer a calçada e ela estar em desacordo com a norma. Gastar o dinheiro e não dar solução”, analisa a engenheira civil Célia Neto Pereira da Rosa, coordenadora da Câmara Especializada de Engenharia Civil e integrante da Comissão de Acessibilidade do Crea-PR. Mas ela aponta que a solução para ter melhores espaços para os pedestres passa pela fiscalização a atuação do poder público: “Essa é uma política dos governos local, estadual e federal, de que nenhuma obra sem a devida calçada seja financiada ou aprovada pelos órgãos públicos”.

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