11.3 C
Francisco Beltrão
segunda-feira, 02 de junho de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Ansiedade marca primeiro dia do Enem

Deslocamento, cuidados com a Covid-19 e sentimento de despreparo causaram preocupação nos candidatos.

A família toda veio de Manfrinópolis para apoiar Renata: Valmir Soares da Silva, Raquel Batista Kunz, Ramon da Rosa Batista, Renata da Rosa Kunz e Luciana Kunz Lopes.

O primeiro dia de prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), domingo, 17, foi marcado pela tradicional ansiedade por parte dos candidatos, mas potencializada por outros fatores dessa edição atípica. Muitos estudantes precisaram se deslocar para fazer a prova em outra cidade, havia a preocupação com a Covid-19 e, ainda, o sentimento de despreparo por ter passado praticamente um ano estudando a distância.

Em Francisco Beltrão, dois locais foram preparados para a aplicação do exame: a Unisep e a Unipar. De acordo com o Núcleo Regional de Educação, 3.415 candidatos estavam inscritos para prestar a prova no município. O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) elaborou um protocolo de prevenção à Covid-19 que exigia o uso de máscara e orientava para disponibilização de álcool em gel e distanciamento nas salas. Os portões foram abertos às 11h30, 30 minutos antes do previsto nos editais, e fechados às 13h.

[banner=100063]
Pouco depois das 11h da manhã, Luan Eduardo, 17 anos, já aguardava a abertura em frente à Unisep. Ele mora em Marmeleiro, mas é aluno do Colégio Estadual Barão do Rio Branco, de Flor da Serra do Sul, e pretende cursar Odontologia ou Engenharia em Beltrão. Luan contou que estava “bastante ansioso, mas com positividade para tentar ingressar na faculdade”. Ele concordou com a manutenção da prova nessa data, “porque, com os cuidados, a gente consegue amenizar bem a situação”.

- Publicidade -

A família de Renata da Rosa Kunz, 17 anos, veio de Manfrinópolis para apoiar a jovem no dia do Enem. Ela estuda no Colégio Estadual São Cristóvão e quer cursar Odontologia. Também contou que estava ansiosa e que o ano letivo de 2020 “foi difícil, não tinha ajuda dos professores, por ser a distância, é mais complicado”.

Luciana, mãe de Renata, considerou que os cuidados tomados na aplicação do exame foram oportunos: “Viemos acompanhar ela, dar uma força, que hoje estudo é tudo. Acho que com o cuidado que tem, é ok fazer”.

Matheus Alexandre Meurer, 18 anos, Luan Marcos Cichiski, 17, Willian Matheus Boger, 17, Enzo Roberto Camillo Reitz, 17, Felipe Rozeng, 21, Nicolas Gasperin Fernandes, 17, e João Paulo Wescinski, 16. Eles vieram de Nova Esperança do Sudoeste para fazer o Enem em Beltrão.

 

Esperar a vacina
Um grupo de sete amigos de Nova Esperança do Sudoeste até parecia tranquilo, conversando antes de entrar no local de prova. Mas, para a reportagem, eles foram unânimes em afirmar que não se sentiam preparados, pela forma como foi o ano letivo, e que o Enem deveria ter sido adiado para depois da vacinação.

“Foi um ano difícil, muito diferente, tanto pra quem tá no Ensino Médio quanto pra quem tá fora, faltou bastante. O ensino a distância perde um pouco a sua qualidade e dificulta pra gente, que às vezes não tem o apoio dos pais, eles não têm o conhecimento pra gente conseguir evoluir. A prova do Enem é menos importante que uma contaminação aqui. Lá em Manaus, o pessoal morrendo asfixiado e algumas autoridades amenizando. Não está com pico de contaminação aqui, mas ainda são casos regulares. Agora que estão começando a aplicação das vacinas, poderiam ter esperado um pouco mais, que algumas pessoas pelo menos fossem vacinadas”, disse Felipe Rozeng, 21 anos, apoiado pelos colegas.

[relacionadas]

Abalada por morte do tio
Thais Fernanda Hechmann, 18 anos, de Capanema, está no 4º ano do curso técnico em Cooperativismo, do IFPR, e pretende fazer Arquitetura e Urbanismo. Ela descreveu que todos os participantes e aplicadores do Enem usavam máscara, havia álcool em gel e a entrada para o exame foi tranquila. Porém, 12 candidatos de sua sala faltaram e, depois da prova, bastante gente ficou em frente ao local.

A estudante contou que ainda está abalada pela morte do tio João Nidermayer, que tinha 60 anos e faleceu de infarto, mas há suspeita de Covid-19 — o resultado do exame sai nesta semana. “Ele faleceu dia 13. Foi extremamente triste, você lembra da pessoa em todos os momentos, pois ele sempre apoiou meus estudos, confesso que não queria ir realizar a prova, mas, como não estava com a Covid-19, não tive escolha. Não dava para se sentir 100% segura de forma alguma, mas pelo menos vi que os aplicadores se esforçaram o máximo para fazer pelo menos o básico”, declarou.

Para o próximo domingo, 24, segundo dia da prova, Thais gostaria que as carteiras ficassem mais afastadas. “O MEC realmente não está nem aí, lançaram uma nota dizendo que o Enem foi um sucesso, porém, houve a maior ausência de todos os anos em que a prova foi aplicada, além de que não colocaram conteúdos de extrema importância que caem todos os anos. O descaso foi grande com todos os estudantes, em algumas cidades do Sul, alunos foram expulsos de dentro da escola, pois as salas já estavam superlotadas”, acrescentou.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques