Com uma população de menos de sete mil habitantes, Luiz Carlos de Campos conquistou o título estadual da modalidade. O que ele pode fazer com um uma população quase quinze vezes maior?

Existe uma máxima no esporte: ‘não é o tamanho de sua cidade e nem a condição de trabalho que faz o resultado, mas sim o esforço do professor que comanda a modalidade’.
E isso se aplica muito bem ao professor de Educação Física Luiz Carlos de Campos, que depois de mais de 15 anos de dedicação ao município de Pérola D’Oeste, foi contratado para coordenar o basquetebol na Secretaria de Esporte de Francisco Beltrão.
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Se ele foi campeão paranaense com uma população de pouco mais de sete mil habitantes, o que pode fazer em uma cidade quase quinze vezes maior em relação ao número de habitantes?
Luiz já foi secretário de Cultura, Esporte e Turismo de Pérola D’Oeste, já foi integrante da Seleção Paranaense de Basquetebol e fez de seu município uma referência estadual na formação de atletas nas categorias de base.
Ele segue o caminho de professores como Marcos Bevilaqua, o Chocolate, e João Goulart da Rocha Ilha, o Joãozinho, que trabalharam no basquetebol de Pérola D’Oeste e hoje estão atuando em Francisco Beltrão na Educação Física.
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Os três tiveram participação na formação da atleta Ega Garvão, que é natural de Pérola D’Oeste e já foi considerada a melhor jogadora de basquete da Seleção Brasileria, com participações em Olimpíadas e competições internacionais.
“Quando soube que o professor Luiz já estava morando em Francisco Beltrão, não tive outra posição, senão a de convidá-lo para a equipe. Apresentei o nome e currículo para o prefeito Cleber Fontana, que prontamente concordou com a contratação”, comenta Fernando Misturini, secretário de Esporte de Francisco Beltrão.
JdeB – Por que decidiu trocar Pérola D’Oeste por Francisco Beltrão?
Luiz Carlos de Campos – Sempre tive convites para trabalhar em outros lugares, mas receava em aceitar, devido à identificação que tive e tenho com Pérola D’Oeste. Mas essa vez, pensei bem e vi que em Francisco Beltrão, por ser uma cidade maior, com mais pessoas posso fazer um bom trabalho.
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E não posso deixar de citar os amigos que tenho aqui, professor Almir Hugo Lopes, professor Jerry Pilatti, professor João Goulart da Rocha Ilha, professor Chocolate (Marcos Bevilaqua), o professor Fernando Misturini, que comanda a Secretaria de Esporte aqui, minha irmã (Elisandra) e meu cunhado, que moram e trabalham aqui.
Todos eles me incentivaram a vir pra cá, o que me deu mais segurança na decisão de vir. É preciso às vezes arriscar algo maior na vida do que se acomodar num lugar só. O mundo é tão grande e nos oferece tantas oportunidades que, às vezes, você precisa perder o medo de arriscar.
Pelo que vi aqui, o prefeito Cleber Fontana é um grande incentivador do esporte, o que nos dá uma segurança e tranquilidade pra trabalharmos. Esse é um grande diferencial num gestor público, quando ele vê o esporte como um investimento e não um gasto público. Isso é o que o separa da maioria dos gestores, o que o diferencia dos demais, essa visão arrojada e moderna, pensando na saúde e na qualidade de vida das pessoas.
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JdeB – Qual é o trabalho que você vai desenvolver na Secretaria de Esporte?
Serei o coordenador do basquetebol de Francisco Beltrão, desde a base ao máster. Vamos focar nos treinamentos de todos, fortalecer esse esporte tão bonito e colocar Francisco Beltrão novamente no mapa do basquete, lugar que uma cidade desse porte jamais devia ter saído.
JdeB – Faça um resumo do trabalho que realizou em Pérola D’Oeste
Reiniciei o basquetebol masculino de Pérola D’Oeste no ano de 2003, depois de uns 15 anos sem termos equipes. Trabalhei de graça nesse recomeço. Não tínhamos local e nem material adequado para treinar, ficamos um ano improvisando tudo.
Até o primeiro uniforme da equipe paguei do próprio bolso. Foi difícil, não desisti. E fomos indo, sofremos por uns três anos até começarmos a ter resultados. O auge foi o título paranaense escolar em 2010, e o oitavo lugar na Olimpíada Nacional, em Fortaleza (CE).
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Conseguimos muito destaque após essa conquista em nível regional, estadual, nacional e internacional, sendo convidados a participar de várias competições. Desde de 2006, Pérola D’Oeste praticamente é o grande polo do basquete de base do Sudoeste do Paraná, graças ao engajamento de todos, tenho orgulho da minha história, consegui praticamente tudo graças ao basquete, desde convocações pra Seleção Paranaense, e vários alunos/atletas meus também obtiveram convocações, além de destaques na modalidade.
O basquetebol me levou ao cargo de secretário de Cultura, Esportes e Turismo de Pérola D’Oeste. Durante os quatro anos da minha gestão da pasta, fui eleito o melhor secretário de esportes da região, prêmio concedido pela Aesupar (Associação Esportiva do Sudoeste do Paraná).
Então posso dizer que minha história em Pérola D’Oeste foi e é muito grande, sempre levarei comigo tudo o que vivi lá, na cidade onde nasci, é uma vida inteira dedicada lá, mas que chegou ao fim.
Tudo na vida um dia termina, e a minha história em Pérola D’Oeste chegou ao fim. É preciso seguir em frente, me desafiar, fazer algo novo, arriscar. E estou fazendo isso e tenho certeza que, se Deus quiser, tudo vai dar certo e vou tentar fazer o melhor trabalho aqui em Francisco Beltrão.
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Podem ter certeza que vou dar 110 por cento de dedicação e trabalho por essas pessoas que me acolheram tão bem aqui. Nunca me senti tão bem recebido num lugar como estou sendo aqui e a minha forma de retribuir tudo isso é com trabalho e dedicação.
JdeB – Profissionalmente, o que representa essa oportunidade pra você?
Representa um novo começo, um desafio grande e também um volta às minhas origens que é técnico esportivo. Eu acho que não sei fazer outra coisa, pois realmente amo meu trabalho.
Estou muito feliz de poder trabalhar novamente com o treinamento, eu estava muito acomodado, precisava de um grande desafio, e ele está aí. E graças a Deus tenho grande confiança que poderei superar mais esse desafio em minha vida.
Se uma palavra define o que sinto hoje é felicidade. Felicidade por fazer o que gosto, por conhecer e trabalhar com pessoas novas e incríveis e ter a chance de crescer num lugar novo, só tenho a agradecer a Deus todos os dias por ser tão bom pra mim.