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Francisco Beltrão
segunda-feira, 02 de junho de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Cezar deixou de ser garçom para ganhar mais como motorista

 

Cezar Maia mora em Beltrão e trabalha para empresa de Dois Vizinhos. 

 

Cezar Maia, 41 anos, está há 15 na profissão de motorista de caminhão. Natural de Lebon Régis (SC), morou até por volta dos 25 anos em Curitiba e trabalhava de garçom. A renda mensal era boa na capital, mas a esposa Sueli queria voltar para o convívio dos familiares que residiam em Francisco Beltrão. Cezar, que desde os 16 anos trabalhava de garçom, aceitou o desafio de morar numa cidade do interior. 

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A chegar em Beltrão foi em busca de vagas como garçom. Depois de um tempo atuando na profissão, percebeu que aqui não conseguiria a mesma renda mensal que conseguia em Curitiba. Surgiu a oportunidade de trabalhar como motorista de caminhão, que oferecia um salário melhor, apesar do esforço maior. Cezar encarou o desafio de trabalhar na boleia e não desistiu. Ele tinha a carteira de motorista da categoria C, que permitia a condução de caminhões. 

Do truck para a carreta
Começou como motorista de caminhão truck, Mercedes Benz, do Atacadão Industrial, em 1996, passou pela Transleve/Mercúrio, onde fazia a linha Beltrão-Curitiba-Beltrão, e há quase cinco anos é funcionário da Cerealista Pinzon, de Dois Vizinhos. Ele dirige um cavalinho Scania 380 que puxa cargas frigorificadas da BRF de Francisco Beltrão para os portos de Paranaguá (PR) e Itajaí (SC). Para dirigir as carretas, Cezar teve de fazer os exames do Detran e conseguiu a CNH na categoria E.

Quando começou a dirigir caminhão, a expectativa era conhecer outros lugares do país. E Cezar diz que “o nosso trabalho (de motorista) é um vício, já pensei em desistir, várias vezes, mas a necessidade é maior”. E emenda: “Eu gosto do que faço”.

 Cezar afirma, também, que gosta de morar em Beltrão e que não sai mais daqui. A família reside no bairro Sadia. A esposa Sueli cuida da casa e o casal tem três filhas: Poliana, Gabriela e Izabel. “Eu experimentei mudar de ares, vir pra uma cidade do interior e hoje não me vejo em outra cidade que não Beltrão.”

Os perigos da estrada
Nos últimos tempos, no entanto, os motoristas vêm enfrentando vários problemas. Dois deles são a precariedade das estradas e a falta de estrutura para acolher os condutores de caminhões. “Acho que a gente deveria ter um pouco mais de empenho por parte do governo, de segurança, de melhores fretes”, reclama.
Outro problema são as precárias condições das estradas, uma delas o trecho entre Pato Branco e Palmas (PRC 280). Cezar conta que nos dias de chuva forte “não tinha condições de nós andar, é coisa complicada”. A viagem de Beltrão a Paranaguá, que levava 12 horas, agora está demorando cerca de duas horas a mais. Os motoristas têm de andar devagar em alguns pontos para evitar quebras de molas e peças e furos ou estouro de pneus. 

Lei dos Caminhoneiros
Cezar tem algumas objeções à Lei dos Caminhoneiros, em vigor desde 2013 e que teve alterações em 2014. “A Lei dos Caminhoneiros, as expectativas seriam ótimas, mas desde que funcionasse. Por enquanto é só uma teoria, na prática vai ser muito diferente, depende das transportadoras, dos patrões.”

Um dos problemas que os motoristas de cargas frigorificadas enfrentam, atualmente, é a restrição para ficar em alguns postos. As câmara frias têm de manter os motores ligados durante a noite toda para conservar os produtos congelados. “Há certos postos em São Paulo que, se você chega, o pessoal já vem perguntar se vai manter ligado o motor da câmara fria, e se disser que sim, eles não deixam ficar. Essa é a parte complicada”, relata.

Outra implicação da Lei dos Caminhoneiros é que houve uma redução no número de viagens feitas pelos motoristas, durante a semana. Cezar fazia três viagens por semana e agora está fazendo duas. “O salário é menor, as coisas encareceram… Pro patrão também diminui as viagens.” 

E os preços das refeições nos restaurantes, nas estradas, também aumentaram. Hoje, Cezar come em restaurantes e faz algumas refeições próprias. “Tem uma caixa, tem geladeira, se não chover (a gente faz), se chover não tem como, mas é um dinheirinho que você economiza.”

No dia desta entrevista, 15 de julho, Cezar estava se preparando para mais uma viagem. Enquanto o caminhão passava por uma revisão, ele conversou com o JdeB.

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