11.3 C
Francisco Beltrão
segunda-feira, 02 de junho de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Conheça os primeiros profissionais da saúde vacinados em Beltrão

Eles representaram todos os profissionais da área.

Os seis profissionais imunizados ontem, 19, com as primeiras doses da CoronaVac, em Francisco Beltrão, foram selecionados para, em ato simbólico, representar todos os profissionais que desde março do ano passado travam uma batalha contra a Covid-19 diariamente em seus locais de serviço.

Eles receberam simultaneamente a primeira dose da vacina e, em 30 dias, devem receber a segunda. Emocionados, todos falaram sobre a participação neste momento histórico e a forma como lidaram com a pandemia no último ano.

Condutor socorrista Ademir Strassburger, 34 anos

- Publicidade -

O condutor socorrista Ademir Strassburger, de 34 anos, representou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na vacinação. Ele soube que era um dos escolhidos ainda na tarde de segunda-feira, 18, quando um dos coordenadores do serviço pediu quem gostaria de se voluntariar. “Eu me prontifiquei a ser um candidato porque estou desde março do ano passado sem ver os meus filhos. Tenho um filho que tem uma imunidade muito baixa, ele não pode de jeito nenhum ter contato com o vírus e, para mim, isso é o primeiro passo do final da pandemia. A gente quer que isso acabe o quanto antes”, disse.
Durante o último ano, Ademir comtou que era diário o contato com o vírus, devido ao atendimento prestado. Ele não se contaminou, mas viu amigos positivarem. Em relação à imunização que a vacina deixará, enfatizou: “Pessoal fala com relação à eficácia, de 50, 70%. O que nós conversamos é que e se 50% das pessoas que morreram de Covid-19 estivessem vivas? Se 50% das pessoas atendidas não precisassem de internamento? Então vamos conversar com essas pessoas que tiveram, com as pessoas que perderam familiar, se essas pessoas estivessem aqui hoje, seria um grande passo. Cada vida salva é importante pra nós.”

 [banner=100060]

Enfermeira Midiã Orlandin, 33 anos

A enfermeira Midiã Orlandin, de 33 anos, disse que se sentiu lisonjeada ao receber o convite para ser uma das primeiras vacinadas em Francisco Beltrão. Enfermeira no Hospital São Francisco, ela é natural do Paraguai, mas desde os 18 anos mora no Brasil, onde estudou e mantém seu serviço. Neste último ano, devido à pandemia e ao desgaste no serviço, disse ter desenvolvido ansiedade, algo que vem se atenuando nos últimos meses e que ganhou um novo marco com a chegada da vacina.
“Dá para dizer que é um ganho para a sociedade o que a gente está tendo. É uma oportunidade. Hoje [ontem] ainda conversei com vários colegas de que nós precisamos dar esse primeiro passo, mostrar para a população, para ela aderir a essas campanhas de vacinação e para que a gente passe logo pela pandemia”, disse, lembrando que, quando aprendeu sobre pandemias, jamais se imaginou passando por uma. Em novembro, Midiã contraiu a doença e entrou para as estatísticas. Felizmente, no caso dela, como uma recuperada também.

[banner=100068]

Técnica em Enfermagem Alzira Cândida Bedmarski, 54 anos
“Hoje [ontem] quando minha chefe me ligou, eu parei. Foi muita emoção. Estou emocionada. Não esperava que seria privilegiada para representar todos os meus colegas para receber a primeira vacina”, disse a enfermeira Alzira Cândidda Bednarski, de 54 anos, que já é aposentada, mas que atua no Ceonc.
No último ano, Alzira disse que precisou redobrar os cuidados, sobretudo pela família, pessoas que buscou proteger. “Os últimos meses foram bem difíceis para nós que trabalhamos na saúde. Por isso a gente pede para que a população siga usando máscara, álcool em gel, para nos prevenir. A vacina é melhor, é para nós, mas isso não significa que não pegaremos mais”, frisou, sobre a necessidade que todos os cuidados sejam mantidos, mesmo diante da solução cientifica. “Eu peço nas minhas orações para que tenhamos força e coragem para enfrentar o vírus da Covid”.

 

Pneumologista e intensivista Claudia Moschen Antunes, de 46 anos
Foi ontem pela manhã que o telefone da pneumologista e intensivista Claudia Moschen Antunes, de 46 anos, tocou com o convite para ser uma das seis profissionais da saúde a receber a primeira dose da vacina CoronaVac. Emocionada, ela lembrou que dia 2 de janeiro deste ano perdeu o pai, de 75 anos, pela doença, e disse que receber uma das primeiras doses ganha um peso maior diante disso. Ela ainda rebateu as críticas de quem é contra o imunizante.
“As pessoas não deveriam ser contra a vacina, a vacina sempre foi boa, sempre salvou muitas vidas no Brasil. E eu acho que é contra vacina quem não tem o dia a dia com a doença. A gente tem que ter medo do vírus, e não da vacina. O vírus é devastador, ele acaba com famílias inteiras. É uma doença extremamente complexa. A única esperança é a vacina”, defendeu.
Desde abril do ano passado, ela disse que trabalha em uma rotina intensa, sem férias e, desde o dia 19 de outubro, data cravada pela especialista, não há folga de segunda a segunda. Por isso, a vacina aparece como solução para desafogar um problema que tirou muitas vidas. “A vacina reduz muito os casos graves. Então, sintomas leves, apesar de serem bastante significativo para os pacientes, não vão levar à morte. E conseguindo reduzir o número de pacientes com casos graves, será fundamental. Só quem está dentro de uma UTI com casos graves sabe o que está falando.”

[banner=100063]

Técnico em Enfermagem Delmir de Souza, 39 anos
O técnico em enfermagem Delmir de Souza, de 39 anos, vem todos os dias de Marmeleiro a Francisco Beltrão para trabalhar na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Apesar de ser um dos contemplados com a vacina, Delmir disse não confiar muito no seu potencial. “Eu não acredito muito na vacina do Covid, não, porque é um negócio que tá muito discutido, muita gente fala que é bom, outros falam que não é, então minha opinião é essa”, disse.
Mesmo em dúvidas sobre a eficácia do único tratamento defendido pela ciência, Delmir disse que viu sua rotina mudar, tornar-se mais cansativa e cuidadosa para manter o contato com a esposa e os dois filhos, uma menina de 14 e um menino de 4 anos, com quem vive.

 

Enfermeira Auricelia Portella, 53 anos

Nordestina do Ceará, a enfermeira Auricelia Portella, de 53 anos, trazia nos olhos a alegria de estar entre os seis primeiros vacinados. Ela trabalha no Hospital Regional do Sudoeste (HRS) e lembrou que não foi uma vez em que ela e a equipe se desdobrou para além dos seus horários a fim de salvar vidas.
“Às vezes a gente sente um sentimento de, que que vou dizer, de impotência”, frisou, sobre os momentos em que a ocupação de leitos chegou ao máximo na unidade. “Eu queria poder informar cada um sobre usar máscara, lavar a mão, se cuidar. Porque naquele momento que tínhamos 12 pacientes, eu pensei na sua mãe, na minha mãe, no teu pai, no meu, no meu irmão”, disse, sensível às vidas pelas quais passaram por suas mãos.
Em todo o ano, o medo do contágio fez parte do seu dia a dia. E embora veja movimentos antivacina crescendo no país, ela se agarra na ciência e frisa: “Estou aqui para lutar, para fazer Francisco Beltrão melhor e um país melhor. Eu acredito sim na vacina” 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques