Caminhão foi pego em conta e até hoje é usado no serviço: “O odômetro já virou umas quatro vezes”.

O Chevrolet D-60 não é mais o mesmo de quando foi comprado pelo motorista e agricultor Dalírio Furlan, de Francisco Beltrão. O caminhão tinha três anos de uso e apenas 40 mil km rodados quando foi pego em conta, em março de 1980. Após 40 anos de serviços com o mesmo proprietário acumula algumas marcas de uso, mas ainda dá conta do serviço. “Sempre tá ajeitado de mecânica e pneu, daí vai embora”, conta Furlan.
Nos primeiros 22 anos que ficou nas mãos de Dalírio, o caminhão era usado para todo tipo de frete: puxava grãos para a Ovetril e Comfrabel, carregava mudanças, animais, madeira e até era alugado para provas de direção de quem estava fazendo a habilitação. “Na época tinha muito colono indo pra cidade e toda semana aparecia uma mudança assim, sem falar nas mudanças do pessoal dos assentamentos na região. Não tinha muita gente que fazia esse tipo de frete, então sempre tinha serviço, o que aparecesse a gente puxava”, relata Dalírio.
Eram os fretes – e também alguns briques – que ajudavam a sustentar a família. O D-60 até ganhou o apelido de Baturé de um dos sobrinhos e foi nele que os filhos aprenderam a dirigir. A lida tinha alguns apuros, como a vez que ficou sem freios vindo de Cascavel, mas o caminhão nunca deixou na mão. O motor Detroit original foi substituído por um Mercedes, mais confiável, e pelas contas de Dalírio o odômetro “virou” quatro vezes.

Com o tempo, o ritmo de trabalho do D-60 foi reduzindo. Por alguns anos, o caminhão recebeu uma carroceria boiadeira e Dalírio puxava o gado que um dos irmãos negociava. Depois, o caminhão voltou a ter uma carroceria graneleira e hoje é usado na propriedade da família, que planta mais de 65 hectares de grãos. É o antigo caminhão que leva os insumos pra lavoura e depois transporta o soja até os armazéns.
Furlan tem noção de que o D-60 já não está tão adequado ao movimento de hoje das estradas e pretende adquirir um novo caminhão, mas sem se desfazer do companheiro de quatro décadas. “O Baturé a gente vai usar no serviço mais leviano. Tem tanta história que não vamos se desfazer. O caminhão já se pagou alguma vez”, finaliza Dalírio.