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Francisco Beltrão
segunda-feira, 02 de junho de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Mãos na terra e no terço

Alzira Chiapetti e Diocédio Dias entregam sua produção à Coopafi. Ela também divide seu tempo benzendo quem precisa.

 

Alzira Chiapetti e Diocédio Dias com a plantação de mandioca destinada para a merenda escolar, através da cooperativa.

 

Alzira Chiapetti e o marido, Diocédio Dias, moram há oito anos na comunidade Menino Jesus, em Francisco Beltrão, mas anteriormente eles residiam na Barra do Cerne – divisa com o município de Verê. Eles se mudaram para poder ficar mais próximos da cidade – de onde vivem agora dá apenas sete quilômetros até a empresa BRF. Foi há mais ou menos 16 anos que dona Alzira começou a plantar mandioca, batata e moranga e assim encontrou a Cooperativa Central da Agricultura Familiar Integrada do Paraná (Coopafi), para quem entrega sua produção. 

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Antes mesmo de plantar mandioca e batata, a família já entregava pipoca para Almir Calegari, que repassava nas feiras. Aos poucos, eles foram experimentando outras culturas e perceberam o que dava certo. 

O objetivo do casal é também começar a entregar frutas para Coopafi, que repassa os produtos para a merenda escolar. “Para nós é mais fácil, porque a gente leva os produtos na cooperativa nas segundas-feiras e depois recebe tudo junto. Pra entregar direto na feira, a gente tinha que ficar o dia todo fora de casa, assim dá mais tempo pra cuidar da plantação”, conta Alzira. 

Produção sem agrotóxico 
Alzira e Diocédio sentem-se orgulhosos em dizer que não usam “veneno” em nada. “A gente repassa alimentos saudáveis pras crianças e também é mais seguro pra gente. Então o cuidado com a plantação é no olho mesmo”, afirma a produtora. 

A propriedade do casal é pequena. Eles contam com dois alqueires, mas todo o espaço é planejado. De toda a produção que entregam para a Coopafi, 20% ficam com a cooperativa e pro Fundo Rural, do qual são emitidas as notas do produtor. “Por causa das notas, ano que vem eu consigo me aposentar”, conta Alzira. 

Para o bem da família
Segundo Diocédio, os dois trabalham juntos, pois “é pra mesma família”. A propriedade tem bela paisagem ao seu entorno, além de proporcionar segurança e tranquilidade. “Antes morávamos a 25 quilômetros da cidade, agora perdemos menos tempo e gastamos menos, então fica mais fácil pra cuidar, colher e vender”, comenta o produtor. 

A propriedade requer um pouco de atenção, mas o serviço não é considerado muito amplo para o casal. 

De olho na lua
Os pais de Diocédio e de Alzira os ensinaram a sempre observar a fase da lua antes de plantar. “Eu acho que eles fizeram testes de plantar em todas as luas e ver em qual cada alimento dava melhor. Tem gente que não acredita nisso, mas eu só planto desta forma e dá certo”, garante a produtora. 

O segredo da família é plantar a mandioca e a batata na fase minguante. De acordo com o casal, se não for nesta fase, a batata “caruncha” e a mandioca não se desenvolve. “Assim, você tem um produto bom”, garante  Alzira. 

Com o terço, Alzira benze quem precisa

 

Alzira com o terço e o altar de santos, onde reza para o bem dos outros.

 

O dom de benzer passou de mãe para filha e isso faz pessoas baterem à casa de Alzira até de madrugada. Aos sábados, ela já sabe que terá a manhã destinada para rezar para o bem dos outros. Benzedeira desde os 23 anos, sua mãe lhe passou em segredo o ofício antes morrer. Alzira não conta como acontece a passagem, pois, segundo ela, então teria que deixar de benzer. 

Além de rezar para os outros, ela também faz remédio para o amarelão. “Tem dias que chegam 20 pessoas aqui. Gosto desse serviço e de conversar com as pessoas”, sorri Alzira enquanto fala sobre a tradição, que a família do marido também tem. 

O pai de Diocédio também era benzedeiro e passou o segredo para um irmão dele. “Enquanto ela atende as pessoas, eu fico mais na lavoura. Ela faz essa parte e eu a outra”, diz o marido, orgulhoso do dom da esposa. 
Com tantos anos benzendo as pessoas, dona Alzira diz que só de olhar no olho da criança já sabe se é amarelão ou “bichas”. “Tem pais que ligam desesperados no meio da noite, porque não há o que acalme os filhos, então eu já vou rezando desde que eles saem de casa, quando a criança chega aqui, já está praticamente calma. No início eu me assustava com as pessoas chegando de madrugada na minha casa, agora já me acostumei.”

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