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Francisco Beltrão
segunda-feira, 02 de junho de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

O engenheiro Valnei Ghedin

Geral

Nos 40 anos de sua formatura, em sua edição do dia 2 de dezembro de 2014, o Jornal de Beltrão publicou a seguinte entrevista com Valnei Ghedin, engenheiro civil e empresário de Francisco Beltrão falecido nesta quinta-feira, 27 de agosto, de Covid-19.

40 anos de engenharia civil por Valnei Ghedin

O profissional que estudou na capital do Estado construiu sua carreira no Sudoeste e hoje é referência em vários estados do Brasil.

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Por Cristiane Sabadin

Valnei Ghedin foi o primeiro engenheiro civil beltronense, numa época em que as construções estavam começando a ganhar força no Sudoeste. Formou-se pela Universidade Federal do Paraná, em 1974, com atribuições para projetos de estruturas e execuções de edifícios, pontes, viadutos, barragens, aeroportos, portos e vias navegáveis. O primeiro emprego foi na Empretec. Pouco tempo depois, em 82, Valnei fundou a Engebel Engenharia e Empreendimentos. Em 1986 expandiu os trabalhos da empresa no estado de Mato Grosso, fundando a Engebel Construção Civil Ltda.

Atualmente o profissional atual em vários estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Goiás, além do Paraná e Santa Catarina. O foco maior é para construção de unidades de mistura e armazenagem de fertilizantes e armazenamentos de grãos (silos e armazéns). Além dos armazéns executa edificações diversas, e em especial neste ano destaca-se a entrega de duas importantes obras: um moderno moinho de milho para produção de gritz cervejeiro da Agrária em Guarapuava, Paraná; e o novo terminal fluvial da Amaggi, no Rio Madeira em Porto Velho, Rondônia, com capacidade de recebimento em embarque de 5 mil toneladas/hora de soja e milho. Em Francisco Beltrão foram entregues uma Unidade de Pronto Atendimento – UPA, creches nos bairros Cantelmo e Jardim Seminário, e ampliação da Coasul e da Agrogen, de Itapejara D´Oeste.

JdeB – Francisco Beltrão cresceu muito em vários aspectos, mas especialmente no setor da construção civil ganhou destaque nas últimas décadas. Com sua experiência profissional, aponte quais foram as mudanças positivas dentro da engenharia civil? 

Valnei- Atualmente é visível o crescimento nas cidades em todo o Brasil, iniciado em décadas passadas pelo êxodo rural, industrialização, serviços e pelo incentivo de programas habitacionais e sociais. Devido a esse crescimento a engenharia é mais solicitada, chegando, nesta década, a haver falta de engenheiros.

Há 40 anos, quando iniciei a minha carreira, os cálculos estruturais eram desenvolvidos com auxílio de tabelas e calculadoras, anotados em memória de cálculo, analisados e detalhados item por item. Todos os projetos eram feitos à mão, desenhados em papel vegetal com nanquim, verdadeiro trabalho de arte. A principal mudança foi o uso do computador com softwares específicos para as diversas tarefas como cálculos e projetos, até os programas de planejamento e controle de obras. Além da informática, surgiu uma infinidade de novos materiais, novas técnicas construtivas e novos equipamentos, que facilitam a execução de obras desde as mais simples até as mais complexas e ousadas.

JdeB – O mercado ganha cada vez mais novos profissionais, mas há quem não abra mão da experiência de profissionais como você, com 40 anos de profissão. Em sua concepção, qual o papel da engenharia no desenvolvimento das cidades?

Valnei – A experiência é adquirida pelo maior número e diversidade de projetos e serviços realizados.  Hoje tenho certeza em indicar, para meus clientes, a melhor solução em diversos projetos que resultam em maior economia, maior segurança, melhor desempenho e operacionalidade. O papel da engenharia é fundamental no desenvolvimento das cidades. A maioria absoluta das cidades cresceram desordenadamente gerando dificuldades de mobilidade, tempo de locomoção, congestionamentos, enchentes, desmoronamentos das encostas e falta de áreas verdes e de lazer, causando desconforto e insegurança para a população. Além de equacionar todos os problemas, a engenharia tem condições para oferecer novas alternativas, melhor planejadas e que tragam mais conforto como a setorização de novas áreas e edificações mais completas dotadas de infraestrutura própria.

JdeB – Francisco Beltrão, em relação a outros municípios, parece ter poucos edifícios, acima de 15 andares. Não deveria ser o contrário? Não seria o caso de haver maior verticalização? Qual sua opinião?

Valnei – Nos anos 80 iniciou-se a verticalização em Francisco Beltrão. Foi questionado por muitos quanto à instalação de elevadores, o custo de manutenção e de condomínio, quando na verdade, verifica-se exatamente o contrário, devido à diluição das despesas pelo número de unidades. Hoje é uma tendência, pois atende os quesitos de privacidade e principalmente segurança. O plano diretor da cidade influenciou na altura das edificações, por um longo período, limitando em 15 pavimentos, inibindo muitos investimentos. Para os terrenos de maior valor, a verticalização é necessária para viabilizar a construção com menor custo das unidades, sendo o térreo para fins comerciais. Nesta linha, estão os investimentos que visam o retorno financeiro.

A construção de edifícios altos em novas áreas, planejadas, distantes do centro, criará um novo modelo, com áreas de lazer e convívio, com infraestrutura mais completa como quadras de esportes, piscinas, espaço gourmet, sala de jogos, espaço kid’s, sauna e academia de ginástica, proporcionando qualidade de vida muito superior. Nesta linha é mais importante o conforto, onde há uma soma de benefícios.

JdeB – Engenharia e arquitetura precisam trabalhar juntas, porém, cada uma com suas particularidades. É assim mesmo que funciona na prática?

Valnei – É fundamental a compatibilização de todos os projetos – arquitetônico, estrutural, instalações elétricas, instalações mecânicas, instalações hidro sanitárias e de prevenção contra incêndios – onde são resolvidas e minimizadas as interferências entre todas as instalações.  Portanto os profissionais não têm independência e precisam interagir de modo a atender as normas, exigências legais e para atingir a excelência do projeto.

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Homenagens e premiações

  • Destaques do Ano – Jornal de Beltrão – Engenheiro Civil Valnei Ghedin
  • 10 Destaques JdeB: 1998, 2000, 2002, 2003, 2006, 2007, 2009, 1010, 2011 e 2015
  • 1 Destaque Ângulo Pesquisas: 2001
  • 20 Destaques do Ano – Jornal de Beltrão – Construtora Engebel: de 1999 a 2018, sem falhar nenhum ano.
  • Homenagem da Universidade Federal do Paraná – Jubileu de Rubi – 40 anos de formatura – 14 de novembro de 2014 – Curitiba, Paraná
  • Destaque Profissional CREA – PR – – Valnei Ghedin – Categoria Carreira Profissional – 1º de dezembro de 2014 – Pato Branco, Paraná.

Valnei Ghedin com troféus de Destaques conquistados por ele e a Engebel, em seu escritório na Avenida União da Vitória (22-8-2017, foto de Ivo Pegoraro).

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