
Por Niomar Pereira – O professor Claudemir José de Souza, diretor da Unipar em Francisco Beltrão e tesoureiro da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), participou na terça-feira, dia 2, em Brasília, de uma audiência na Comissão de Educação do Senado Federal para discutir as perspectivas do ensino superior privado no Brasil. O debate atendeu a um requerimento do presidente do colegiado, senador Flávio Arns (PSB-PR). Além de Claudemir, estiveram presentes a professora Elizabeth Guedes, presidente da Anup, Juliano Griebeler, vice-presidente, e Francisco Carlos d’Emílio Borges, membro da diretoria.
Elizabeth Guedes destacou as dificuldades da educação básica no Brasil. “Não podemos ser uma universidade se não nos preocuparmos com o que acontece na educação básica do nosso país. A situação é muito ruim. Os resultados do Pisa mostraram que estamos nas penúltimas posições e, agora, com a avaliação do quesito de criatividade, ficou claro quão distantes nossas crianças estão de acompanhar as de países mais desenvolvidos e com sistemas de ensino mais eficientes.”
Segundo ela, hoje a escola pública, ao invés de diminuir, aumenta a desigualdade. “Ela marca o período dessas crianças que não conseguem aprender e encontrar ali a solução de que necessitam para suas vidas, tornando-se adultos hipossuficientes.”
E acrescentou que a situação no ensino médio é ainda mais grave. “A evasão é altíssima. Além da evasão e do abandono, temos alunos que ficam à disposição do tráfico de drogas, nas comunidades mais pobres, e da prostituição, quando são meninas. Eles estão sujeitos aos piores impulsos da sociedade.”

Investir na educação básica
O professor Claudemir José de Souza destacou que, independentemente de a instituição ser particular ou pública, ela deve formar profissionais que atendam às demandas da sociedade. No entanto, ele ressaltou a importância de investir na carreira de professor desde a educação fundamental e média.
“Então, na carreira de professor, o exemplo internacional mostra isso: como o Japão saiu da Segunda Guerra Mundial e o que fez? Investiu em educação. A Coreia do Sul, quando a gente compara com o Brasil, tinha a mesma produtividade que o trabalhador brasileiro quarenta anos atrás. O que eles fizeram? Investiram em educação. O aluno sul-coreano estuda em média quatro horas por dia, além das cinco horas normais. Como que o nosso trabalhador vai concorrer com um trabalhador desse?”
Apagão de professores
Claudemir comemorou a balança comercial, mas lamentou a dependência de commodities. “Não transformamos esses produtos porque não estamos investindo adequadamente na educação básica. Estamos deixando de ter perspectiva para o futuro, que começa com investimento maciço na carreira docente. Em breve, teremos um apagão de professores. Não teremos mais professor de matemática, professor de física, professor de letras, professor de história. E são esses professores, e os professores de forma geral, que preparam e formam todos os demais profissionais. A carreira de engenharia, olha os rankings, está sobrando vaga nas públicas: engenharia civil, engenharia mecânica, engenharia agronômica. Aí você olha por que está sobrando: porque o jovem chega e vê um paredão imenso, que é a dificuldade que ele tem, e o Pisa está mostrando isso, por exemplo, em matemática. Pior do que a evasão, o não ingresso desse jovem no ensino superior passa pelo básico, pela valorização da carreira do professor, do professor lá do ensino fundamental.”