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Francisco Beltrão
domingo, 01 de junho de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

CENTRO LEVA NOME DE EDIL

Em S. Antônio, discursos sobre Edil Cantelmo Traiano emocionam


Ela faleceu jovem, mas continua atendendo as pessoas mais necessita-das de Santo Antônio do Sudoeste, através do novo Centro de Conveniên-cia que leva seu nome.


Prefeito Ricardo Ortiña, Ademar Traiano e os filhos Vinícius, Gabriela e Júnior com recordações da esposa e mãe Edil que receberam na inauguração do Centro de Convivência Edil Cantelmo Traiano. Foto: Ivo Pegoraro/JdeB.

O evento de quinta-feira, em Santo Antônio do Sudoeste, impressionou pelo volume de recursos do Governo do Estado, anunciados para investimentos no município: mais de 70 milhões de reais. Mas o que mais mexeu com o público foram os discursos sobre a homenageada que deu seu nome ao novo Centro de Convivência: Edil Cantelmo Traiano. Não somente o público, mas também os oradores tiveram momentos de interromper seus discursos, vencidos pela emoção. Todos os oradores se referiram a ela, cada um acrescentando alguma informação a mais, de uma pessoa que marcou época por seus trabalhos sociais no município como primeira-dama (1986 a 1988), como esposa do deputado Ademar Traiano e como mãe de três filhos.

Filho Vinícius – “Dona Edil foi símbolo de muita luta nessa cidade. Uma mulher com uma personalidade extremamente forte. Uma mulher que cumpriu seu papel de uma maneira rápida, breve, mas marcante. Hoje,  há pouco, eu tive o prazer de dar uma passadinha lá no museu. Só olhar, passei o olho assim porque a emoção é bastante forte. Lembro de percorrer nessa cidade aqui quando o meu pai foi prefeito, com a minha mãe. Era outros tempos, vivíamos um momento diferente, de redemocratização. Não tínhamos as estruturas que o Estado tem hoje. Lembro da minha mãe trabalhando na antiga LBA, Legião Brasileira de Assistência Social, que ao longo do tempo transformou-se em todas as ações sociais que se instalaram nesse país, como bolsa família, Cras, Creas, enfim, todas as estruturas que hoje a gente vê e se orgulha de poder entregar isso para essa população e para assistir àqueles que minha mãe sempre cuidou tanto com carinho. O apelido de Mãe dos Pobres não foi à toa. Foi a pessoa que eu, na minha vida, vi mais se doar e ela escolheu Santo Antônio para atender essa população. Eu agradeço demais, prefeito, a homenagem, em nome da nossa família, estão aqui as irmãs da minha mãe, minhas tias, as irmãs e o irmão do meu pai, meus filhos, minha esposa, meus irmãos, sobrinhos, cunhados, toda a família reunida, pra agradecer ao senhor e à população que nos abraçou e abraça sempre. Somos eternamente gratos a Santo Antônio.”

Governador Darci Piana – “Eu queria dizer pra vocês que atrás de um grande homem, existe sempre uma grande mulher. Ela merece os nossos aplausos. Tudo aquilo que o Traiano falou sobre a Edil, eu já sabia porque ele sempre comenta pra gente da existência dela, tudo que ela tem. E eu passei por ali hoje, eu vou ter necessidade de falar porque eu estou com uma garganta apertada, fazem quase 11 meses e 15 dias que faleceu a Maria José, que viveu comigo 55 anos e meio, mais dois de namoro e dois de noivado, 59 anos e meio. Vocês imaginam, o quanto esse menino, faz muitos anos, lembrando dela. Então meu amigo Traiano, nunca esqueça quem fez você crescer, você ter essa família maravilhosa, e esse conceito, um deputado do Paraná, e tudo aquilo que você fez, ela tem um pedaço disso.”

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Alexandre Curi – “Eu sou pai de três filhos, eles sabem que no final de semana não vão ter um pai em casa. Desde os meus 18 anos, sou deputado estadual, mas eu tenho a minha esposa em casa, que é estrutura que cuida dos meus filhos. Quantas vezes o Traiano me dizia: “Alexandre, eu estava lá no norte do Paraná, e meus filhos me ligando, chorando, sem a mãe em casa”. E ele cuidando dos paranaenses, cuidando dos municípios do Paraná, deixou de lado a sua vida pessoal. Para ajudar o nosso estado, para transformar as cidades, para melhorar a qualidade de vida das pessoas, com atenção especial às pessoas mais humildes, por isso que eu fiz questão de estar aqui, não tive o privilégio de conhecer a Edil, mas o Traiano me contou de tudo o que ele passou, do que ela passou, do que ela representou pra essa cidade. Então prefeito Ricardinho, parabéns por essa homenagem, parabéns a homenagem a Edil, mas principalmente, é uma homenagem de gratidão e reconhecimento a tudo que o Traiano fez por essa cidade, e continua fazendo.”

Prefeito Ricardo Ortinã – “A ti, Traiano, a minha gratidão eterna, o meu reconhecimento, se nós somos o que somos, foi porque você fez a diferença por Santo Antônio. E ao teu lado, no início, quando tu era vereador e depois prefeito, teve ao teu lado uma mulher fantástica, uma mãe, uma primeira-dama, uma esposa que fez a diferença para nossas famílias de Santo Antônio. Quando ela ainda estava enferma, chamou a Vera, que era a primeira-dama do município, e pediu: “Vera, vocês estão cuidando do povo mais humilde desse município?”. Isso é papel de alguém que pensa pelos mais pobres e mais sofridos desse município. Digo a ti, Traiano e família, que nós estamos fazendo o possível para seguir o seu legado.”

Ademar Traiano – E minha saudação especial também às irmãs da minha querida Edil, a Enoy, a Aneli e a Edna que aqui estão. Vocês dão um brilho todo especial hoje e a presença dela aqui nesse local com certeza. E é lógico que não poderia ser diferente. A emoção toma conta, gente. É tanta história de vida, tanta coisa que nós vivemos ao longo desses 40 e tantos anos. Eu tenho que saudar aqui a minha grande família, aqueles que comigo sofreram juntos. Amadureceram juntos com a perda da mãe. Vinícius, que tinha apenas 14 anos quando a Edil faleceu. O Junior, apenas 10 anos. A Gabriela, que pouco lembra da mãe, tinha apenas 5 anos de idade. Hoje, com a mão protetora da Edil, com certeza eles são exemplos de filhos.

Me orgulho dos filhos que eu tenho, dos netos que me deram, esse casalzinho de gêmeos, o Antônio, o Joaquim, o Davi, a minha única neta, a cara da avó dela, a Marcelinha, meu neto Vinícius, minhas noras Aline, a Ana, meu genro João, e é lógico, também, para que vocês conheçam, é a primeira vez que vem à cidade  a Rose, que está comigo, minha esposa. E olha, essa é uma tarde maravilhosa, marcante para o resto das nossas vidas. Por que eu escolhi 29 de maio? Porque a Edil sempre falava: “Eu quero morrer num dia de festa”. E ela lá de cima, com certeza, hoje está vibrando. Os céus estão em festa. Hoje, ela faria 69 anos de idade. É o dia do aniversário dela. Por isso eu escolhi esse momento para essa festa aqui em Santo Antônio, em homenagem a ela. E sempre falava, eu quero morrer num dia de festa. E morreu em 13 de junho, no dia de Santo Antônio. É o amor que ela tinha por essa cidade. Ela se dedicou de corpo e alma.

Talvez isso aqui não tenha de ser chamado centro de convivência, mas centro de acolhimento. Porque essa era a característica, a marca da Edil na cidade. Mulher fina, bonita, sempre bem vestida, mas sempre aberta com aquele sorriso pra atender as pessoas pobres. A mulher que ia no bairro, as crianças tinham piolho, bicho-de-pé. A mulher que carregava famílias doentes, nos momentos mais difíceis, socorria. Quando fui prefeito, trouxe para Santo Antônio a tal da vaca mecânica, coisa que não existe mais. Ela pegava uma pampinha todas as manhãs, carregava o leite e o pão, levava nas casas das famílias mais necessitadas. Era essa a Edil. Não tinha vaidade. Amou a cidade, viveu intensamente. Imagina uma moça criada em berço de uma família bem sólida e constituída, de Francisco Beltrão, seu pai prefeito.

Aos 20 anos de idade, veio para Santo Antônio, casou comigo, chegamos aqui, era uma verdadeira cidade de faroeste, tinha a avenida que no final da tarde naquele poeirão contrastava com o sol, não tinha uma única casa de alvenaria e ela enfrentou isso tudo por amor. Ela veio para dar à minha pessoa, o carinho e a sustentação que eu tanto precisei. Eu só sou um homem hoje, eu reconheço, cresci na vida política e eu devo isso, sim, a ela, à minha esposa Edil. Você sabe o que eu estou falando, Piana, você perdeu a tua esposa recentemente. O quanto ela significava na tua vida, imagine eu, tinha 39 anos. Enfrentamos toda doença, dois anos e tanto. Imagine conviver todas as noites com drama, que durante o dia ela não demonstrava a ninguém o que estava passando, mas à noite, ao deitar-se, a gente ouvia dela.

Muitas e muitas frases até hoje marcam, estão registradas na minha memória. Eu sei o quanto eu pude atendê-la e cuidá-la durante os seus últimos seis meses de vida. E a Enoy, que está aqui, sabe que eu ficava ao lado dela fazendo a limpeza, da traqueostomia que ela tinha no pescoço e, lamentavelmente, em um final de tarde, dia 28 de maio, chego em casa, um desespero total, a minha mãe, a Enoy, o Junior, um desespero. Encontrei a Edil tentando pronunciar o nome do Junior e ela não conseguia pronunciar, estava morrendo asfixiada. Foi para a UTI durante 16 dias, morreu no dia 13 de junho. Esse legado que ela deixou, jamais vamos esquecer. Eu sempre quis oferecer, aqui em Santo Antônio, algo que pudesse evidenciar essa marca da mãe dos pobres.

Eu lembro que quando a velamos aqui as famílias choravam, as famílias simples, porque ela sempre foi uma mãe afetiva, carinhosa, receptiva e se eu criei os três filhos, hoje filhos honrados, é porque a mão dela nunca se distanciou da minha pessoa e dos meus filhos. Eu tenho certeza disso. E hoje, ela deve estar lá em cima vibrando, do seu jeito, com aquele sorriso fantástico, agradecendo a Deus pela família que aqui está. E que me permitiu ter esses lindos netos e netas, aquelas noras compreensivas, de poder, enfim, dizer a Santo Antônio, muito obrigado, Deus foi generoso comigo, eu sei quanto foi difícil. O testemunho que o Alexandre falou é uma grande verdade. Imaginem vocês, eu tinha que dar sequência à vida.

Eu escolhi a vida de político por vocação. A Edil faleceu, eu tinha que deixar os filhos em casa, muitas vezes chorando na estrada, chorando muito, parando o carro, porque a emoção vinha e eu não conseguia dirigir. Quantas vezes eu recebi telefonemas: “Eu tô com saudade da mãe, pai”. E aí o coração não tem como resistir. Então, meus filhos amadureceram exatamente por isso, porque foram fortalecidos pela força da espiritualidade, de uma mãe generosa, rude às vezes, mas de um carinho extremo. E sabia ao tempo certo sorrir e agir com a rigidez que ela criou os meus filhos. Quantas vezes o Vinicius e o Junior, ela fazia os dois se abraçar de joelhos e não podia nem dar risada, até pedir desculpa um pro outro. Era assim. Mas, de repente, rolava no chão com eles brincando.

Essa imagem da Edil que está aqui hoje, que estará no museu, que vocês poderão ver, é uma imagem que vai ficar eternizada. Ricardinho, que Deus continue te abençoando. Gratidão não tem preço, é memória do coração. Eu estou extremamente agradecido por você estar aqui, todos os meus amigos do governo, extremamente agradecido ao governador Ratinho, que não pôde estar, se não estaria aqui, por tudo que ele tem dado à minha pessoa para que eu possa servir  a Santo Antônio e todo o Sudoeste do Paraná. São milhões de recursos transformando a nossa região. E não vai parar por aí, muito mais virá pela frente. Em nome e em memória da Edil, em memória da festa que os céus hoje, os anjos, com certeza, estão aplaudindo, eu quero encerrar a minha fala dizendo a todos vocês, com um gesto de respeito, de amor, de admiração, de alguém que, com certeza, deve estar nos quatro cantos deste lugar, porque ela sempre estará presente no meio de nós, de tanto que ela amou esta cidade. Vamos todos nós aplaudir a Edil pelo seu aniversário. Muito obrigado e que Deus nos proteja sempre.”

Três filhos, seis netos

Hoje, Edil teria na família mais duas noras, um genro e seis netos. Vinícius casou com Ana Paula Prestes Virmond Traiano e tem os filhos Vinícius Júnior e Marcela. Ademar Júnior casou com Aline Matiuzzi Traiano e tem os filhos Davi e Matteo. Gabriela casou com João Bottin e tem os filhos gêmeos Antonio e Joaquim.

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