A presença de desocupados, supostos usuários e traficantes de drogas no Calçadão de Francisco Beltrão voltou a ser alvo de polêmica nas redes sociais, especialmente no perfil Beltrão Mil Grau no Instagram. Diversos relatos foram enviados ao administrador da página, onde pessoas alegam que alguns dos frequentadores da praça têm forçado vendas, trabalhadores do comércio relatam perseguições, assédio a mulheres, consumo de drogas à luz do dia, e até uma suposta agressão a um idoso que se recusou a dar esmolas.
Apesar da repercussão nas redes sociais, as denúncias não estão sendo formalmente registradas na Polícia Militar, através do telefone 190. Em conversa com a reportagem, o tenente-coronel Rogério Pitz, comandante do 21º Batalhão de Polícia Militar, afirmou que permanecer na praça, independentemente da condição social, não é crime.

“Não adianta denúncia nas redes”
“Aquelas pessoas que se sentirem lesadas, por exemplo, se alguém pegou no braço, pediu dinheiro e tentou furtar o celular, precisam ligar para a polícia no 190. Não adianta fazer denúncia nas redes sociais.”
O comandante destacou que as denúncias devem ser feitas imediatamente e que o denunciante precisa permanecer no local para identificar o autor. Caso contrário, a Polícia Militar fica impossibilitada de agir. “Os moradores que se sentirem constrangidos ou ameaçados devem ligar ou usar o aplicativo da polícia e aguardar no local para fazer a representação oficial, identificando o autor e especificando o crime ocorrido, seja ameaça, furto, tentativa de estupro, constrangimento, entre outros”, explicou.
Pitz também mencionou que, embora os relatos estejam sendo amplamente divulgados nas redes sociais, eles não estão chegando à Polícia Militar. Ele ressaltou que o simples fato de alguém estar na praça, mesmo consumindo bebidas alcoólicas, não constitui crime. No entanto, se estiverem usando drogas, a polícia realiza abordagens e encaminha os envolvidos à delegacia. Ele ainda acrescentou que a Polícia Militar não pode estar presente no Calçadão 24 horas por dia, daí a importância de denúncias concretas.
Reunião para definir ações conjuntas
Para abordar o problema, o tenente-coronel informou que será realizada uma reunião envolvendo vários órgãos para definir as ações que cada um pode tomar para minimizar a situação, tanto pela PM quanto pela Prefeitura. Uma das propostas discutidas é a presença permanente de vigias da Prefeitura, além de um aumento nas rondas da Polícia Militar nas áreas alvo de reclamações. “Vamos intensificar as abordagens e permanecer o maior tempo possível com as viaturas para realizar o policiamento preventivo e garantir maior segurança às pessoas. No entanto, quando estamos ali, não há problemas; essas pessoas percebem isso e, quando saímos para atender outras demandas, elas retornam”, concluiu Pitz.
Conseg diz que aguarda protocolo da Prefeitura
A presidente do Conselho Comunitário de Segurança de Francisco Beltrão (Conseg), advogada Kelly Cristina Borghesan, afirmou que o problema envolvendo a presença de moradores de rua na cidade já vem sendo debatido por diversas autoridades ao longo do ano. Segundo Kelly, o Conseg havia elaborado um plano de ação em conjunto com a sociedade civil organizada, visando diminuir as oportunidades que mantêm cidadãos em situação de rua.
Entretanto, antes que a campanha pudesse ser colocada em prática, ela contou que o Conseg foi convidado para uma reunião no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). “Fomos informados de que deveríamos aguardar a finalização de um protocolo que estava sendo elaborado pelo Cras para então realizarmos qualquer campanha”, explicou Kelly.
Diante da complexidade da situação e da necessidade de uma ação integrada, o Conseg decidiu aguardar a conclusão desse protocolo antes de seguir com qualquer iniciativa. “Como o protocolo ainda não estava pronto, não havia como dar os encaminhamentos necessários, e por isso, o Conseg não deu prosseguimento ao plano”, afirmou a presidente. Kelly Cristina Borghesan disse que o Conseg está preparado para colaborar da forma que for necessária na busca por soluções para o problema dos moradores de rua em Francisco Beltrão. “O Conseg não se omite, mas também não quer, com suas ações, interferir no trabalho que a Secretaria de Assistência Social está desenvolvendo”, concluiu.