Família que mora no interior de Santa Izabel faz parte da Festa de São Cristóvão, de Ampere.

Entre os voluntários que trabalham na Festa de São Cristóvão, em Ampere, um grupo se destaca – são os conselheiros da Paróquia Santa Teresinha e Santo Agostinho, que dedicam boa parte do seu tempo para melhorar a vida da comunidade católica amperense.
Dentro desse grupo, entre outras pessoas escolhidas na comunidade, encontram-se os Costa, uma família de agricultores que participa da festa com o trabalho que pode ser feito do sítio: encontrar lenha e carne para o churrasco, levar salames e outros produtos coloniais para o jantar italiano e até conseguir um pouco de salada, organizar as refeições, entre outras coisas.
Por isso, o Jornal de Beltrão decidiu visitar essa família, que, além de participar tão ativamente da preparação da festa, também é homenageada por ela. Com as devidas indicações, a reportagem foi atrás de sua moradia – saindo de Ampere, atravessando a rodovia e dirigindo alguns quilômetros no interior, até que, sem perceber, já estava em Santa Izabel do Oeste, município vizinho de Ampere.
E é lá que se encontra a família Costa – o casal Gilberto Antonio e Rita com seu filho Cassiano -, moradores de Santa Izabel, mas participantes da igreja de Ampere. Dona Rita explica: “Quando a gente casou, morávamos lá em Ampere, mas aí surgiu essa oportunidade e a gente se mudou para cá. Depois, duas outras comunidades convidaram a gente para participar da igreja, mas como a gente já era da comunidade de Ampere, continuamos indo ali”.
Entretanto, a família não se limitou a aparecer na igreja de vez em quando, e mostrou interesse e participação nos assuntos da comunidade. Foi então que a paróquia fez uma votação para selecionar o conselho e os Costa foram indicados. “A gente não queria tanto essa posição, mas aí a votação foi expressiva e o frei Vilmar [Potrick, pároco de Ampere até o ano passado] não deixou a gente escapar”, conta Rita.
Assim, em janeiro de 2015, a família Costa passou a fazer parte do conselho paroquial e hoje está participando de sua segunda Festa de São Cristóvão desde que assumiu o posto. “No começo a gente não tinha experiência para ajudar, mas os outros ajudaram bastante, e nesse ano estamos conseguindo participar ainda mais”, diz Gilberto, e acrescenta: “Mesmo depois que a gente não fizer mais parte do conselho, vamos continuar ajudando. Agora vai ser difícil o pessoal deixar de chamar a gente”.
A principal função de Gilberto na festa é organizar a carne para o churrasco, e ele acredita que vai passar dos 3 mil quilos nesta edição.
Já dona Rita vai ter mais uma função, que é ajudar no jantar italiano – uma novidade que foi servida no ano passado e se manteve para 2016. “Vai ter umas 25 mulheres trabalhando nesse jantar, e tudo o que você imagina de italiano vai ter. O trabalho na cozinha a gente já começa ali por segunda-feira, com toda a higienização e limpeza. Terça-feira começa a preparar o macarrão e vai congelando, e depois tem trabalho durante a semana”, conta.
E quanto ao sacrifício de tirar parte do seu tempo para fazer esse trabalho para a igreja, o casal diz que é um prazer. Tanto que até os filhos – Cassiano, de 23 anos, e os dois mais velhos que não moram mais com o casal – também participam, sempre na equipe da liturgia. Para Rita, isso é essencial na família: “Une a gente e as pessoas nos valorizam por esse trabalho”. E Gilberto completa: “A gente sempre foi de participar da igreja, isso já vem de berço”.
A propriedade
Faz 27 anos que dona Rita e seu Gilberto mudaram para a propriedade onde vivem hoje, na comunidade de Linha Timóteo, em Santa Izabel do Oeste, e desde o início a família lidava com vacas de leite.
Naquela época, Rita e Gilberto ainda não tinham filhos, então eles nasceram e se criaram na roça – e Cassiano gostou tanto que se instalou por lá e pretende ajudar os pais a tocar a propriedade, garantindo a sucessão da terra. “Ele é formado em Administração, mas não quis sair de casa. Quis ficar para ajudar, porque a gente tá quase chegando nos 60 e daí começa apertar”, relata Gilberto. O filho acrescenta: “Quero com certeza continuar aqui, aumentar a produção e trabalhar no sítio”.
Hoje os três trabalham sozinhos na propriedade e têm no leite a principal renda, com um acréscimo na lavoura, além de produções para consumo próprio, como hortaliças e porcos. No leite, a família possui cerca de 30 cabeças de gado. Dessas, 15 estão em lactação, produzindo cerca de 7 mil litros por mês
E a família garante: essa é a vida que eles querem. “É uma vida muito boa, a gente tem tranquilidade. Trabalhamos bastante, mas não precisamos cumprir horário. Temos uma liberdade muito grande, e para nós isso é um tesouro”, afirma Rita. “Para a gente, estar sempre trabalhando é o que dá saúde. Eu a Rita nos criamos nessa lida, então o trabalho é um prazer e o interior é o melhor lugar que existe”, declara Gilberto.