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Francisco Beltrão
segunda-feira, 02 de junho de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Álcool e tabaco são causa de até 97% dos casos de câncer de boca

Só neste ano, mais de 1.100 casos devem ser registrados no Paraná, segundo o Inca.

 

 Higiene oral adequada e visitas regulares ao dentista podem ajudar a detectar
o tumor precocemente, aumentando as chances de cura da doença.
Foto: falandodevidacf.blogspot.pt

 

A maioria das reportagens, debates e campanhas sobre o câncer normalmente dá foco para os cânceres de mama e próstata. E não por menos, afinal, estes são os dois tipos da doença que mais acometem e ceifam vidas de brasileiros, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Contudo, pouco abaixo deles no ranking de incidência aparece o câncer de boca (cavidade oral), que só neste ano, no Paraná, deve registrar mais de 1.100 casos. 
Num comparativo com a população paranaense – 11,2 milhões, conforme estimativa do IBGE para 2016 -, seria aproximadamente um caso de câncer de boca para cada dez mil habitantes. Ainda conforme dados do Instituto de Câncer, no Paraná o câncer de boca é o quinto que mais acomete homens e o sexto que mais incide em mulheres. Em termos de Brasil, é o oitavo mais comum entre os homens e o nono entre as mulheres. 
A Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) denomina que a região de abrangência do câncer de boca inclui o lábio e a cavidade oral, mucosa bucal, gengivas, palatos duro e mole, língua e assoalho da boca. A instituição afirma que, sem dúvida alguma, os maiores fatores de risco são o tabagismo e o alcoolismo, especialmente se associados. Aproximadamente 95 a 97% dos casos do câncer de boca estão relacionados a eles. Outros fatores de risco estudados são os genéticos, exposição ao sol, infecções virais e traumatismo crônico por uso de próteses. 
O médico Alysson Kunz Pavelegini, cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital do Câncer de Francisco Beltrão (Ceonc), explica que o câncer normalmente se manifesta através de uma ferida na boca, esbranquiçada ou avermelhada, não cicatrizável, dolorosa e persistente. “É comum o paciente também apresentar dificuldade para engolir ou falar e até o aumento de linfonodos cervicais”, acrescenta. 
O diagnóstico, segundo dr. Alysson, é realizado por suspeita clínica baseada no aspecto da lesão, sintomas e fatores de risco, mas o diagnóstico definitivo só pode ser confirmado através de biópsia. “Trata-se, basicamente, de uma doença de tratamento cirúrgico, uma vez que a cirurgia oferece as melhores chances de cura. Existem também tratamentos baseados em quimioterapia e radioterapia, podendo ser combinados uns com os outros”, destaca.

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O médico Alysson Pavelegini é cirurgião de cabeça e pescoço do Ceonc de Beltrão. 
Foto: Alex Trombetta/JdeB

 

A cura existe, mas é preciso atenção
A orientação é que na presença de alguma lesão de boca o paciente procure um clínico geral, um dermatologista ou um cirurgião de cabeça e pescoço. Além disso, cada vez mais os dentistas se dedicam à prevenção e ao diagnóstico precoce desta doença.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, a melhor prevenção é manter-se afastado dos fatores de risco ou, em outras palavras, não fumar e não beber. Além disso, é importante manter sempre uma boa higiene bucal e procurar atendimento médico sempre que houver alguma lesão persistente na boca. Para usuários de próteses mal adaptadas, deve-se procurar o dentista protético para ajuste.
A SBCCP reforça que existe, sim, chances de cura do câncer de boca, mas as possibilidades são ainda maiores quanto mais precoce for identificado o tumor. “Por isso é tão importante que as pessoas, na presença de lesões suspeitas, procurem atendimento médico especializado”, reforça dr. Alysson. 

O câncer e o vírus HPV
Em um artigo, dr. Alysson Kunz Pavelegini constatou que, anteriormente, homens acima de 50 anos, dos tabagistas aos alcóolatras, eram as maiores vítimas dos cânceres de boca e orofaringe (garganta). Porém, o cenário vem mudando gradativamente, tanto em número de casos quanto em relação ao perfil das pessoas mais afetadas. “Ocorre que, hoje, a doença também atinge jovens entre 30 e 45 anos de ambos os sexos, que não fumam nem bebem em excesso, mas praticam sexo oral desprotegido”, alerta. 
Médicos e pesquisadores concluíram que o papilomavírus humano, o HPV, microrganismo geralmente encontrado em qualquer pessoa em algum momento da vida, deve ser o causador de infecções que facilitam a formação desses tumores. “O HPV é mais conhecido como o principal agente causador de verrugas genitais e de câncer de colo do útero. Quanto maior o número de parceiros com os quais se pratica sexo oral e quanto mais precoce for o início da vida sexual, mais risco terá de desenvolver câncer causado pelo HPV. Os primeiros sintomas que indicam a formação de tumores são pequenas feridas que sangram facilmente e crescem até chegar à musculatura e aos nervos, então causando dor”, explica o médico. 
Segundo dr. Alysson, o que se percebe é que as pessoas mais jovens, cujo câncer está associado ao HPV, respondem melhor ao tratamento e apresentam melhores taxas de sobrevida do que as com mais idade, cujos tumores são em geral mais agressivos e resistentes. “Mesmo que existam sinais de que os tumores de cabeça e pescoço causados pelo HPV se comportem de modo diferente, eles são combatidos do mesmo modo, com cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Contudo, existem vacinas contra o HPV aprovadas pelo Ministério da Saúde e que, de preferência, devem ser administradas antes do início da vida sexual”, orienta o cirurgião do Ceonc.

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