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Francisco Beltrão
sábado, 24 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Método ABA é a intervenção mais bem-sucedida para crianças com desenvolvimento atípico

O destaque é do psicólogo Maurício Sygel, da Hope Clínica Especializada.

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Maurício Sygel, psicólogo: “Somos todos diferentes”. Foto: Leandra Francischett/JdeB.

Por Leandra Francischett – O que mais se ouve falar entre os pais de crianças com desenvolvimento atípico, em especial de autistas, é a busca por profissionais que dominem o método ABA. O psicólogo Maurício Sygel, da Hope Clínica Especializada, atende principalmente crianças com desenvolvimento atípico, com Transtorno do Espectro Autista (TEA) Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e Transtorno Opositor Desafiador (TOD), além de crianças com paralisia cerebral em reabilitação. Maurício faz uso do método ABA; confira a entrevista. 

JdeB – No que consiste o método ABA?

Maurício Sygel – É uma metodologia comportamental aplicada para entender melhor e desenvolver o comportamento humano. A resposta mais sucinta é que o ABA parte de dois princípios bem universais: aprendizagem e comportamento. Neste sentido, esse método tem garantido resultados científicos significativos para a vida de pessoas diagnosticadas com autismo. “ABA” é a abreviação para Applied Behavior Analysis, que é Análise do Comportamento Aplicada, em português. O método é a forma de intervenção mais bem-sucedida para crianças com algum desenvolvimento atípico.

Por que é recomendado para autistas?

O objetivo é ampliar os comportamentos desejáveis e úteis e diminuir aqueles que são prejudiciais para a criança ou que estão afetando negativamente o processo de aprendizagem. O ABA ajuda em comportamentos sociais, tais como contato visual e comunicação funcional; comportamentos escolares, como pré-requisitos para leitura, escrita e matemática; atividades da vida diária, como higiene pessoal; e a redução de comportamentos negativos, como agressões, estereotipias, autolesões, agressões verbais e fugas.

O ideal seria uma terapia de quanto tempo?

É importante destacar que a intervenção em ABA pode abranger diferentes necessidades e, consequentemente, ser composta por diferente número de horas. Pode ocorrer uma intervenção focada (pontual), quando o objetivo é desenvolver habilidades ou diminuir comportamentos específicos. Essa modalidade usualmente é composta por 10 a 25 horas de terapia semanal, podendo ser superior a isso. Já o chamado tratamento abrangente varia de 30 a 40 horas semanais de serviço prestados diretamente ao cliente, uma vez que tem por objetivo desenvolver habilidades e diminuir comportamentos em diversas áreas. Essa modalidade é indicada quando, por exemplo, um indivíduo tem um diagnóstico precoce e déficits bastante significativos em habilidades comunicativas, sociais e adaptativas ou quando comportamentos muito severos já estão instalados em indivíduos com idade mais avançada, tal como agressão.

Quanto tempo de terapia é necessário para perceber resultados?

Os resultados são subjetivos diante da singularidade de cada indivíduo. As intervenções disponíveis possibilitam maximizar o potencial de cada cliente identificando, de maneira eficiente, como ensinar e o que ensinar. Isso porque a mudança do comportamento é feita de maneira planejada e individualizada. Para que os benefícios sejam vistos com mais rapidez, é importante que a técnica continue sendo trabalhada para além do ambiente do consultório.

O autista pode levar uma vida funcional? O que é necessário para que isso aconteça?

Somos todos diferentes e cada um se comporta frente ao inesperado de maneiras diferentes. O medo paralisa, mas o amor constrói pontes entre o sujeito e o mundo.

Que façamos o possível para que sejam felizes independente de suas limitações. Certifiquem-se de tratar seus filhos com profissionais comprometidos com o desenvolvimento deles, que lhes tratem com respeito e clareza de informações.

Cuidado com promessas de “cura” milagrosa. Forme uma equipe multidisciplinar sólida e consistente com tratamentos cientificamente comprovados, que ajude tanto aos filhos quanto aos pais entenderem que, apesar de inesperado, esse caminho pode ser um enorme aprendizado. Os sonhos não morreram, apenas mudaram de direção. Na maioria das vezes em que falamos em autismo, nos referimos ao trabalho com crianças e intervenção precoce. Porém, a intervenção para jovens e adultos autistas também se faz importante, uma vez que as habilidades teoricamente desenvolvidas quando criança agora devem ser usadas diante de um novo contexto, demandas diferentes e complexas que contemplam a vida adulta. Todos nós temos, no decorrer das nossas vidas, momentos bons e ruins. Momentos que parece tudo se encaixar em perfeita ordem,  caminhando conforme o planejado e momentos que parece tudo confuso, em desordem e retrocessos. Com as famílias que vivem o autismo, esses momentos de altos e baixos são potencializados pela esperança e pela exaustão. Cuidar do cuidador é tão importante quanto cuidar da criança, e talvez esse seja um grande ato de amor.

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