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Francisco Beltrão
domingo, 01 de junho de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Primeira beltronense a tomar vacina contra Covid-19 mora nos EUA

A enfermeira Giovana Baggio da Silva pede para as pessoas levarem a sério a vacinação, porque só assim o mundo passará pela pandemia do coronavírus.

A beltronense Giovana Baggio na cidade de Nova York.

A enfermeira Giovana Baggio da Silva, 44, moradora de Gaithersburg, no Estado de Maryland, região metropolitana de Washington DC, é a primeira beltronense a tomar a vacina contra Covid-19. Ela nasceu e morou em Francisco Beltrão até os 24 anos de idade. Em 2009, conseguiu dupla cidadania e agora, em 2020, completaram-se 20 anos que reside nos EUA.

Ela trabalha na linha de frente de combate ao coronavírus. “Apesar de ter cuidado de muitos pacientes com Covid-19, não contraí a doença. Sempre levei muito a sério o uso de máscaras e a higiene das mãos. Também não tenho encontrado meus amigos ou participado de confraternizações. No hospital, usamos todos os materiais de proteção individual.”

Giovana foi sorteada e recebeu a vacina na sexta-feira, 18. “Eu estava muito ansiosa para receber a vacina. O hospital onde trabalho começou a vacinação na sexta-feira e eles fizeram por sistema de loteria, pois levará duas semanas para vacinar todos os funcionários. Fiz parte do primeiro grupo a receber a vacina da Pfizer. Foi um momento muito emocionante. Senti que finalmente estaria vendo uma luz no fim desse túnel.”

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A segunda dose ela receberá em 21 dias e só então estará com 95% de proteção contra a Covid-19. Contudo, mesmo vacinada, Giovana continuará tomando todos os cuidados preventivos, ou seja, a rotina permanece a mesma até grande parte da população ter tomado a vacina. Ela conta que muitas pesquisas estão em andamento e muita coisa ainda não se sabe. “Acredita-se que as pessoas possam, sim, transmitir a Covid-19 mesmo após receber a vacina e por isso se recomenda o uso de máscaras. A única chance de vermos uma melhora e podermos voltar ao normal é as pessoas se vacinando de modo geral. Me deixa muito triste ver tanta fake news sobre a vacina ou sobre o uso de máscaras”, lamenta.

Após receber a vacina, a pessoa fica em observação por 15 minutos, se não tiver histórico de alergias, ou 30 minutos, se já tiver alguma alergia. “Nao tive absolutamente nenhuma reação à vacina. Me sinto privilegiada e abençoada por ter tido essa oportunidade de receber a vacina tão cedo. Espero que ninguém deixe passar essa oportunidade quando for sua vez. Oro para que minha mãe, que mora em Francisco Beltrão, possa receber a vacina logo, para que eu possa parar de me preocupar tanto.”

 

Como as pessoas estão sendo vacinadas
Os Estados Unidos aprovaram duas vacinas emergenciais, a Pfizer e a Moderna. As orientações de quem será vacinado por primeiro são dadas pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) e cabe aos estados alocar a distribuição dessas vacinas.

Em Maryland, onde mora Giovana, primeiro receberão os profissionais que trabalham na linha de frente no combate ao coronavírus e as pessoas que vivem em asilos — porque elas foram muito atingidas pela Covid.

Na primeira semana, Maryland recebeu 155.000 doses para distribuir entre os hospitais e asilos. Lotes da vacina são esperados semanalmente. Depois, serão vacinadas as pessoas com idade acima de 65 anos e com problemas crônicos de saúde. Para a população em geral, ainda deve demorar alguns meses até que a substância esteja disponível.

 

“A pandemia só terminará se a população se vacinar”
Giovana se formou em Enfermagem, na Universidade de Maryland, e diz que, como profissional de saúde, fica assustada quando escuta teorias absurdas sobre as vacinas. “Ultimamente, parece que as redes sociais se tornaram meios de prover conhecimento científico e as pessoas assumem ter um conhecimento que levou anos para cientistas e estudiosos adquirirem.” A enfermeira reforça que a vacina é segura e foi desenvolvida em tempo recorde porque milhares de cientistas ao redor do mundo se uniram por uma causa em comum e trabalharam 24 horas por dia para acabar com essa doença. “A pandemia só terminará se a população se vacinar.”

Na opinião dela, não há motivos para se preocupar, pois, como toda vacina e todo tratamento médico, sempre existirão casos de reações alérgicas, mas são muito raros. “Entre milhares de pessoas sendo vacinadas, quatro casos de reações alérgicas severas aconteceram ao redor do mundo (até o domingo, 18). É muito importante que a população se conscientize da vacinação. Não deveriam estar discutindo a possibilidade de ser obrigatória, as pessoas deveriam estar ansiosas para receber a vacina para que a vida comece a voltar ao normal.”

 

Pandemia nos EUA
A enfermeira relata que quando a pandemia começou nos EUA, acreditava-se que em poucos meses se resolveria, “mas aí começamos a vivenciar um aumento exponencial no número de casos e, quando vimos, os hospitais estavam atingindo a capacidade máxima”.

O hospital onde Giovana trabalha fechou várias alas para serem exclusivas para pacientes com Covid-19, proibiu todas as visitas e cancelou cirurgias que não eram de emergência. “Por onde passávamos, as pessoas nos reconheciam como heróis, mas na verdade todas as pessoas que trabalham na área de saúde são seres humanos que nunca tiveram que lidar com uma pandemia como essa e também tinham medo por seus familiares, medo de ficarem doentes e não poder mais estar na linha de frente para ajudar.”

De acordo com a enfermeira, no mês de agosto os números de casos diminuíram, as pessoas se acostumaram com a pandemia e começaram a relaxar no uso de máscaras, ou limpeza das mãos, ou aglomerações, e então veio uma segunda onda. “Na verdade, eu não imaginava que seria tão mais violenta e agressiva como tem sido. Os EUA já tiveram mais de 17 milhões de casos e mais de 315.000 mortes. Como enfermeira é muito triste ver as pessoas não levando a sério, ver governantes não levando a sério. Sim, muita gente vai ter a doença e vai se recuperar, mas muitos terão sequelas ou não estarão aqui para comemorar o próximo Natal com a família. Às vezes, penso que, se as pessoas pudessem ver o que vemos nos hospitais, talvez fossem mais cuidadosas.”

Os hospitais no Estado Maryland estão atingindo a capacidade máxima mais uma vez e, com as festas de fim de ano se aproximando, o governo teve que impor restrições novamente, como limitar viagens fora do Estado, fechar restaurantes e museus e impor limites de grupos máximos de dez pessoas para jantares ou encontros. “Aqui, cada Estado tem autonomia, então alguns têm mais restrições que outros. Mas com o Natal e Ano Novo se aproximando, estamos esperando um aumento no número de casos”, frisa Giovana.

Enfermagem é valorizada nos EUA

Giovana Baggio nasceu em Francisco Beltrão e residiu no município até seus 24 anos. Ela tem família na cidade, a mãe, Gemir Baggio, mora no Bairro Industrial.

“Em 2000, eu mudei para Gaithersburg e no começo pensei que seriam alguns meses, talvez alguns anos, mas esses foram se multiplicando e completei 20 anos aqui nos EUA. Acabei construindo minha vida aqui, me casando e criando novas raízes. Em 2016, me formei pela Universidade de Maryland, em Enfermagem, e sem dúvida nenhuma foi uma das melhores escolhas de minha vida. A enfermagem nos EUA é extremamente valorizada e respeitada. E mesmo durante todas as dificuldades nestes meses de pandemia, a oportunidade de cuidar de outras pessoas nos momentos mais sensíveis e difíceis da vida delas é indescritível.”

Giovana cancelou duas vezes a vinda ao Brasil neste ano por causa da Covid-19.

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