O interessante em rever essas produções é poder avaliar o quanto elas envelheceram e o quanto nós amadurecemos. Tentei ver “Jaspion” mas não consegui. Caso diferente é “MacGyver” — ou “Profissão: Perigo”. É perfeitamente assistível ainda hoje.
Com menos atividades externas tenho mais tempo para rever corridas, filmes e séries antigas. Não que meu saudosismo ficasse segundo plano, mas agora pude maratonar “Caverna do Dragão”, por exemplo.
O interessante em rever essas produções é poder avaliar o quanto elas envelheceram e o quanto nós amadurecemos. Tentei ver “Jaspion” mas não consegui. Caso diferente é “MacGyver” — ou “Profissão: Perigo”. É perfeitamente assistível ainda hoje.
Parte dessa jovialidade se deve ao fato de abordar temas corriqueiros eternamente presentes na sociedade, como família, amizade, liberdade, drogas, gangues, corupção, desarmamento e uma veia ecológica que engatinhava no final dos anos 80, mas que é assunto manjado há muito tempo.
Além disso, a despeito das situações insólitas que o protagonista era colocado, a produção nunca forçou a barra com efeitos especiais que se mostrassem patéticos hoje em dia. Essa relativa simplicidade no desenrolar da trama ajudou, não só a manter a série de bem com o relógio, mas dava destaque para a sua principal marca: os “MacGyverismos”.
Aquela piada de que MacGyver (Richard Dean Anderson eternizado na voz de Garcia Junior no Brasil) desarmava bomba nuclear com um clipe de papel e chiclete tem seu fundo de verdade. A produção tinha especialistas — um físico, um químico e um biólogo se não me engano — que auxiliavam os roteiristas a criar as cenas em que o herói resolvia problemas com materiais comuns.
Guardando um espaço para floreios e licenças poéticas, todas as gambiarras que ele criou durante as sete temporadas são virtualmente possíveis de se fazer, como tampar temporariamente os furos de um radiador com clara de ovo.
Nascida e falecida em gravações na cidade de Los Angeles, a melhor fase da série se deu entre as temporadas 3 e 6, quando foi filmada nos arredores de Vancouver no Canadá. A sede da benevolente Fundação Phoenix está lá.
Falando em conforto, não posso deixar de mencionar a admiração pelos carros que MacGyver dirigia. Não apenas o Jeep Wrangler de cor indefinida, mas a pickup Chevrolet 1941 e, principalmente, o Chevrolet Bel Air Nomad 1957, minha utopia de consumo. Contudo, a propaganda que funcionou mesmo comigo foi do canivete suíço vermelho. Uma ferramenta insuperável.
Outro detalhe interessante é que o elenco de apoio (além de Dana Elcar, Bruce McGill, Michael Des Barres e Teri Hatcher) se repetia constantemente em personagens diferentes, e eu nem notava. Sempre o mesmo magrão de óculos era o nerd, o mesmo hispânico o militar ditador da América Central, o mesmo oriental o mafioso chinês, e por aí vai.
Agora, sobre a nova versão de MacGyver, digo que não acompanho. Comecei a ver, mas, se tirarmos os nomes dificilmente alguém a relacionaria com a série feita entre 85 e 92. É um produto criado para outro público.