Por Murilo Fabris – Sei que muita gente não confia na qualidade das produções nacionais, mas que bela surpresa é Maldivas. Lançada em junho deste ano, a série original da Netflix estreou no topo das mais vistas daquela semana e não é pra menos.
Banhos de sol, drinks na piscina e reuniões de boa-convivência não são as únicas coisas que movimentam a série da roteirista Natalia Klein. Após 18 anos do desaparecimento da mãe, a jovem Liz (Bruna Marquezine) viaja para o Rio de Janeiro com o intuito de reencontrá-la. O problema é que com a chegada da protagonista, vem também um misterioso incêndio e quatro suspeitas de um assassinato no luxuoso Condomínio Maldivas.
Não bastasse o clima de mistério – o suficiente pra prender qualquer um por completo – ainda ganhamos uma comédia de gargalhar alto. Ora pela troca de farpas entre as síndicas corruptas, ora pelos comentários ácidos da narradora, o tempo passa rápido entre um episódio e outro e, não muito difícil, você maratona os sete episódios numa noite só.
Um dos grandes destaques é o elenco cheio de personalidade. Manu Gavassi fica responsável por interpretar Milene, uma dondoca louca por plásticas; Sheron Menezzes estrela Rayssa, uma ex-cantora que adora manter as aparências; não menos importante e uma das mais cômicas é Kat, encarnada por Carol Castro, comparsa do esposo corrupto e atrapalhado. No meio disso tudo há Verônica, regularmente chamada de Mortícia, a narradora-personagem que guia o telespectador nessa jornada alcoólica e afrodisíaca.
Mas quem brilha mesmo é Bruna Marquezine. A atriz faz jus à profissão e transforma o trauma do abandono materno em algo tátil e sensível. Talvez por dividir essas cenas com Vanessa Gerbelli (Patrícia/Léia), seja ainda mais tocante. Não é a primeira vez que as duas interpretam mãe e filha na dramaturgia. Em Mulheres Apaixonadas, exibida em 2003 pela TV Globo, ambas já haviam protagonizado cenas do mesmo patamar e ver essa dinâmica, quase 20 anos depois, só mostra o quanto o Brasil tem talentos incríveis.
Pensei em comparar essa série com alguma produção da gringa, mas não é necessário. Maldivas é excelente e o melhor: 100% nacional.
