
Uma coisa precisa ficar bem clara: aquele suspense do primeiro Predador, lá de 1987, não se repetirá nunca mais. Pelo menos para aqueles que assistiram ao filme lá no final daquela década. Depois de revelado o monstro, a magia se desfez igual virgindade. Então, pare de achar que qualquer outra produção da franquia vai te trazer aquela emoção outra vez. Mas, isso não quer dizer que bons trabalhos não possam ser apresentados.
Esse é o caso de “Predador: A Caçada”, lançado no ano passado e disponível no Star+, que tem os desconhecidos Dan Trachtenberg (Rua Cloverfield 10) na direção e Patrick Aison no roteiro. Esse novo capítulo na saga do caçador interplanetário foge do que vimos nos últimos tempos — graças a Deus! — e tenta replicar algumas coisas daquele primeiro filme, porém com uma perfumaria diferente.
A ambientação urbana e/ou com muita tecnologia é deixada de lado, em benefício de o meio campestre do século 18. Faz mais sentido a história se passar no mato não é? Isso também nos presenteia com uma fotografia belíssima e surpreendente.
Tentando criar uma tensão no melhor estilo “Tubarão”, o Predador é economizado para não gastar o impacto de sua aparição. Aqui entra o que pode ter desagradado algumas pessoas: o foco do filme é na comanche Naru. Uma garota que quer ser caçadora — como foi o pai e é o irmão —, e não catadora de broto de taquara.
Mas aí você me pergunta: como uma guria pode lutar com um Predador? Em primeiro lugar esse é mais raiz e gosta de pegar o touro à unha, partindo mais para o corpo-a-corpo. Depois, além da trama dar uma certa moral para os indígenas, Naru (Amber Midthunder) não bate de frente (sozinha) com o monstro como fez Schwarzenegger. A caçada aqui não é só um título genérico.
Então, com um cenário tão belo, uma excelente trilha sonora, uma representação cativante da vida indígena, boas atuações, ótimas cenas de ação, muito sangue e algumas referências inspiradas dos filmes 1 e 2, os tropeços podem ser relevados, colocando essa produção entre as melhores da franquia.