
Por Murilo Fabris – Não é a primeira vez ― e com certeza não será a última ― que escrevo sobre a resistência dos brasileiros com o conteúdo dramático nacional. Entendo que algumas das produções tenham qualidade duvidosa, e que outras soem como roteiro de novela que nunca foi ao ar, mas já é hora de dar chance a algumas pérolas que achamos por aí. É o caso de “Três Verões”.
Governanta de um político rico, Madá (Regina Casé) sonha em abrir o próprio negócio. Entusiasmada com a oportunidade de tornar o desejo real, ela pede dinheiro emprestado ao chefe, mas acaba envolvida em um escândalo de corrupção que abala as estruturas políticas do país. A partir daí ela vai fazendo o que consegue pra manter a pouca felicidade que ainda resta. É cuidando do pai do patrão preso, um senhor amargurado pela vida, que ela descobre ser rica em paz de espírito.
Honestamente, se você ainda não assistiu a nenhum filme com Casé, não sabe o que está perdendo. Dividido em três partes ― no caso, verões ―, o drama se mistura com o humor sincero da atriz e seu jeito despojado de encenar as dificuldades da pobreza. Nem toda a tristeza do mundo é capaz de roubar a resiliência da empregada; Regina ensina isso quando faz o telespectador sorrir e chorar ao mesmo tempo.
Produzir um filme é coisa cara no Brasil, mas é justamente isso que “Três Verões” faz questão de salientar: é no simples que as coisas boas são feitas.