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Francisco Beltrão
segunda-feira, 02 de junho de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

“Fair Play” Fifa?

Geral

Algumas realidades do nosso contexto brasileiro precisam, de fato, ser urgentemente revistas e trabalhadas de maneira  prioritária. É o caso das coisas que ocorrem no ambiente esportivo e hoje refiro-me especificamente ao futebol. Dentre todos os esportes brasileiros, sem dúvida o que mais exerce influência no comportamento ou nas observações sociais é o futebol. Na nação americana temos a NBA com basquete e o futebol americano como esportes de intensa influência social, no Brasil ainda é o futebol.

São premissas importantes do ambiente esportivo a competitividade sadia e a interação com ênfase no “fair play”. Este jogo limpo que a Fifa advoga e divulga e tem sido manchado por imagens e atuações nada inspiradoras. A começar pelas exigências da entidade na promoção da venda de bebidas alcoólicas nos estádios a despeito dos avanços da legislação brasileira em sentido contrário.    

No Brasil já havíamos conquistado o direito de não termos bebidas nos estádios, fato que será diferente durante a copa por imposição da Fifa e dos patrocinadores. Logicamente, temos em potencial tragédias previamente esperadas por pessoas alteradas em sua consciência pela droga conhecida como bebida alcoólica.

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Faço aqui um alerta, os estádios brasileiros recebem centenas de pessoas que usam drogas dentro dos estádios, uma vez que as revistas são superficiais.

Talvez durante a copa isso seja minimizado, mas nossos estádios são frequentados durante todo o ano e não apenas em um período específico.

Outra realidade que enfatizo reside na espúria relação entre clubes e torcidas organizadas. Muitas destas organizações se tornaram ambientes que hospedam criminosos com intenção de disseminar o tráfico de drogas e a violência como estilo de vida.

Indivíduos há que agem no meio e algumas vezes no comando destas organizadas, financiados pelos clubes que, reféns destes, investem em ingressos e viagens, dentre outros apoios. Fizeram meio de vida da pior espécie possível, se passando por fãs do esporte são na verdade vândalos e bandidos.

O esporte que poderia ser meio de incentivo de interações e comportamentos amistosos, referencia de superação e foco, apenas reflete o espelho da impunidade que presenciamos na sociedade brasileira. Os fatos ocorridos na última semana em Joinville e a possibilidade de “virada de mesa” no certame brasileiro, ambos nos demonstram que “Fair Play” ainda não foi devidamente incorporado ao contexto de nossas realidades esportivas, não apenas no futebol, diga-se de passagem.

O que fica como observação máxima de tudo isto é o tipo de pessoas que nos tornamos diante destes fatos. Será que perdemos a capacidade de nos indignar contra as injustiças, contra as realidades espúrias de nossa nação, contra os absurdos, sejam eles praticados na sociedade, nos estádios, no comportamento indevido de tantos destruidores de esperança que contemplamos ao redor? Esta impressão de que é tudo assim mesmo e que não há como mudar as coisas pode simplesmente nos fazer anestesiados para a violência e o mau caratismo.

Existe uma forma objetiva de estancar de, pelo menos no caso do futebol, atingir o problema no âmago. Deixe-se de ir aos estádios e não se compre os jogos vendidos pela televisão. Estanque-se o apoio financeiro destes que vivem no entorno do futebol. Quero ver se alguém não começa a se mexer rapidamente na direção de mudanças realmente objetivas e necessárias.

Uma nação na qual uma prática esportiva seja transformada num teatro de guerra não pode advogar-se capaz de sediar com idoneidade uma Copa do Mundo isenta de equívocos na questão da segurança dos seus e dos estrangeiros que pretendem assistir aos eventos.

Jogo limpo  e vidas humanas parece não ser a prioridade por aqui, pelo menos por enquanto. Trabalho e escrevo para que vejamos o dia em que, como nação, vivamos a expressão daquilo que Jesus disse: “Fazer aos homens aquilo que desejamos que eles nos façam” Mateus 7.12 . O simples viver esta verdade pode mudar uma nação inteira. Esta é a bênção pela qual oro, para mim e para a minha geração, seja nos ambientes esportivos ou nas interações sociais.

*Pastor da Comunidade Batista Betel em Dois Vizinhos, palestrante, colunista e escritor.

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