
É sacanagem ter que escrever um texto na quarta à noite, colocar nesta página na quinta para sair na edição de sexta, sendo que a sexta em questão é hoje, a estreia de Obi-Wan Kenobi (Disney+) e da quarta temporada de Stranger Things (Netflix). E para ajudar ainda não consegui ver Top Gun: Maverick — que dizem estar expelindo testosterona pelo ladrão. Assim sendo, vamos de flashback. Um de qualidade incontestável: Pulp Fiction – Tempo de violência.
O nome já diz muito sobre o tema, protagonizado por um batalhão de astros: Bruce Willis, John Travolta, Samuel L. Jackson, Uma Thurman, Christopher Walken, Harvey Keitel, Ving Rhames e o próprio Quentin Tarantino entre outros.
O filme é uma sucessão de acontecimentos, interligados, mas que são apresentados sem preocupação com a cronologia. Na verdade isso ajuda a prender o espectador diante da tela, pois só no final vai poder ordená-las e compreender inteiramente a trama.
Em meio a diversas cenas brutais — assimiladas muitas vezes com uma desconcertante naturalidade pelos personagens — temos diálogos geniais e memoráveis. O humor discreto e quase sempre mórbido se faz presente nas falas filosóficas e situações que beiram o surreal, dando um toque irônico muito partícular nas obras de Tarantino.
E como não poderia deixar de ser, a trilha sonora é fantástica. A música tema, “Misirlou” de Dick Dale & His Del-Tones, fica gravada na memória como os temas de Indiana Jones, Superman e Star Wars. A guitarra frenética é perfeita para acompanhar o dia-a-dia de dois assassinos.
Na sequência inicial, quando os personagens de Travolta e Jackson discutem como se chama hambúrguer na Holanda e o que é pior de se fazer com a mulher de um mafioso: sexo ou massagem no pé, enquanto vão “secar o rastro” de alguém, é clássica. Também é digna de nota a história do relógio guardado no ânus.
Só para você se localizar, aqui vão os atores principais e a descrição de seus personagens: Bruce Willis, boxeador decadente que vende uma luta que não quer perder; John Travolta e Samuel L. Jackson, capangas de mafioso que filosofam banalidades; Uma Thurman, viciada mulher do mafioso; Ving Rhames, um mafioso muito nervoso; Christopher Walken, guardião do relógio; e Harvey Keitel, o cara da “limpeza”.