
Gosto dos nomes de filmes antigos: “Por quem os sinos dobram”, “O homem que matou o facínora”, “Um corpo que cai”. Dificilmente o título original em inglês se mantinha e na tradução muitas vezes a criatividade aflorava. Hoje é o contrário. Palavras curtas ou nomes muito óbvios, que parecem sempre repetidos.
Em 1982, John Carpenter lançou o que seria um dos principais filmes de terror da história. Título original era “The Thing”, tradução “A Coisa”, título em português “O enigma de outro mundo”. Em 2011, fizeram um prelúdio. O título é “The Thing”, tradução “A Coisa”, título em português “O enigma de outro mundo” ou “A Coisa” mesmo. Também tem “It: A Coisa” e “A Coisa” (The Stuff) de 1985, certamente inspirado em “A Bolha Assassina”, de 1958.
Bom, vamos ao que interessa: a bagaça. Se você não viu o filme de 1982 não sei se é melhor ver o novo primeiro por causa da cronologia. Prefiro sempre ver na ordem de produção. [Caso não goste de spoilers, passe para o parágrafo seguinte.] No clássico oitentista, pesquisadores norte-americanos se envolvem numa perseguição entre um cão e um helicóptero, em plena Antártica, e a desgraça se instala a partir daí. O novo filme mostra como se chegou a essa situação. Essa parte do suspense não tinha como não estragar.
Tudo começa quando um grupo de cientistas encontra algo enterrado na neve (tem como algo ser “enterrado” na neve?). Esse algo é um picolé de alienígena, que não está necessariamente morto e é do pior tipo possível. O barato do filme é a desconfiança generalizada e o fato do Ser não ter forma predefinida, e seus momentos de revelação são nojentos e angustiantes.
Os dois filmes são muito parecidos. O isolamento num lugar muito gelado, a falta de conhecimento do que exatamente está acontecendo, quem é o inimigo e a pouca esperança de escapar vivo de algo que mata de modo lento e doloroso. Gosto dos dois, embora admita que o primeiro seja melhor.