Por muitos anos existiu um tipo de subgênero da sétima arte: o telefilme. Uma espécie de primo pobre do cinema, que era exibido diretamente na televisão. Os anos 90 viram muitos desses surgirem.
Mesmo que não soubesse a razão, a gente percebia que era uma produção diferente, de qualidade mais baixa. A história poderia ser boa, mas não era igual aos filmes vindo da telona: atores desconhecidos, fotografia pouco elaborada, nenhum efeito especial…
Vejo os filmes lançados direto no streaming como os novos telefilmes. Evidentemente, a qualidade é muito maior que em seus pares do século passado, só que ainda dá para notar que algo o distingue de uma produção cinematográfica — até porque só tem blockbuster no cinema. Só que não é o caso de “Agente Oculto”.
Com o emblema da Netflix no capô, os irmãos Joe e Anthony Russo (Capitão América 2, Capitão América: Guerra Civil, e Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato) na direção e um elenco com Ryan Gosling, Ana de Armas e Chris Evans — além de uma aparição de um magérrimo Wagner Moura — é um filme tão bom quanto qualquer outro saído do cinema.
Na trama, Ryan Gosling interpreta Seis (ou Six, você escolhe), um agente obscuro da Cia que se vê caçado por meio mundo de uma hora para outra. Parece familiar? Sim, Seis (ou Six) é o mais novo Jason Bourne, James Bond, John Wick, Robert McCall ou Ethan Hunt. Um cara altamente treinado, inabalável, rápido, inteligente, que impõe respeito, se arrebenta e ainda tem a cara de Mona Lisa que Gosling sabe fazer.
A história em si não tem nada de novo, mas é bem escrita o suficiente para prender a atenção entre uma cena de ação e outra. E é aí que está o ponto forte da bagaça: duas horas de ótimas sequências de lutas, tiros, perseguições e explosões. E ainda faz uma graça de vez em quando.
A crítica não foi muito com a lata dele, mas o público está adorando e eu concordo com o povo, desta vez.
